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Visão | ESG Talks: “Temos de valorizar o ambiente e os ecossistemas”

Visão | ESG Talks: “Temos de valorizar o ambiente e os ecossistemas”

O PACT – Parque do Alentejo de Ciência de Tecnologia -, em Évora, acolheu esta 5ª feira a segunda conferência da 3ª edição da ESG Talks com foco sobre o setor da agricultura e sustentabilidade.

O último painel da segunda conferência da 3ª edição da ESG Talks, em Évora, centrou-se na discussão dos “desafios globais e soluções locais” da sustentabilidade na agricultura. Com a moderação da subdiretora da VISÃO Margarida Vaqueiro Lopes, Alfredo Moreira – proprietário da Herdade da Matinha – Pedro Lopes – Presidente de direção da associação de olivicultores e lagares de Portugal – e Tiago Costa – Presidente da Portugal Nuts – foram os convidados do último painel da iniciativa, promovida pelo novo banco, pela VISÃO e pela EXAME, em parceria com a PwC – que irá percorrer o País desde Sul até Norte.

Alfredo Moreira, proprietário da Herdade da Matinha, abriu o painel, realçando a importância da proteção da natureza e dos ecossistemas do planeta para a continuidade da existência humana. “Por natureza, quase tudo o que fazemos é para proteger a espécie. Falta-nos uma coisa, proteger os nossos ecossistemas e o nosso habitat. Não é só possível, é fundamental”, referiu. Para Moreira, a valorização e proteção do planeta e dos ecossistemas é um dos pontos fundamentais quando se fala sobre a sustentabilidade.

Uma preocupação partilhada por Pedro Lopes, presidente da direção da Olivum – associação de olivicultores e lagares de Portugal – que acrescentou ser também necessária uma boa gestão de recursos, não só naturais, mas também financeiros, quando se trabalha no setor primário. Para si, a saturação e grande concorrência que existe no mercado atualmente exigem que os produtores e agricultores façam uma melhor gestão dos recursos que têm disponíveis de forma a não existir desperdício financeiro ou de recursos naturais. “A grande concorrência faz com que as nossas culturas sejam menos rentáveis. A rentabilidade dos nossos produtos tem de ser, por isso, sustentável, para proteger os nossos recursos. Todos nós estamos de olhos postos nessa proteção, usando o que está disponível nos nossos recursos”, explicou.

Já para o Presidente da Portugal Nuts – Associação de promoção de Frutos secos –, Tiago Costa, observar as técnicas de produção de agricultores mais antigos pode trazer lições essenciais para as produções atuais. Costa acredita que a passagem de conhecimento intergerações é fundamental para o garante da continuidade da atividade. Ademais, acrescentou ainda que o setor agrícola pode beneficiar de uma maior aposta tecnológica, ao incluir redes de prestadores de serviço de forma que as novas máquinas agrícolas possam chegar mais facilmente a todos os agricultores. Tiago Costa refletiu ainda sobre os principais desafios que existem no setor de produção da amêndoa em Portugal, uma indústria relativamente recente, mas que tem vindo a intensificar a sua produção nos últimos anos. “É importante perceber que é uma indústria recente nos modelos que temos agora e que os profissionais que se estão a instalar já vêm com lógicas e bons princípios de sustentabilidade e como preocupações pela biodiversidade de gestão de recursos”, referiu.

Para o proprietário da Herdade da Matinha, Alfredo Moreira, nos próximos anos será essencial “restaurar a natureza”, o que só acontecerá através de uma maior partilha e consciência de todos pela importância do ambiente para a continuidade da existência humana. “Nós temos de ter amor pelos nossos ecossistemas para os poder proteger. Temos de estimular a vida e os sentimentos pela natureza e são essas emoções que nos vão querer fazer partilhar a natureza com outros”, acredita.

No caso da Olivum, para Pedro Lopes, a conservação da natureza passa também pela educação das gerações futuras. O presidente da associação refletiu sobre um dos pontos estratégicos com a criação de uma maior proximidade com os jovens em idade escolar, de forma a cultivar nas crianças o gosto e saber pelo setor. “Estamos a levar as crianças ao campo para desmistificar a questão das culturas intensivas. As crianças ficam contentes da forma como nós estamos a proteger o ambiente. A plantação de um olival é proteger um ambiente. O objetivo é demonstrar o que fazemos”, referiu. Para Lopes, a proteção dos olivais de produção sustentável é fundamental. “Se não protegermos o nosso solo, amanhã não temos produção”, concluiu, referindo que o País é o único responsável por 95% da produção de azeite virgem extra.

Pedro Lopes reforçou ainda a necessidade de um reforço de comunicação e de informação, contra a ideia de que as atuais explorações – nomeadamente de oliveira – são excessivas e não respeitam os princípios da sustentabilidade.

Já para Tiago Costa, os desafios das próximas décadas passam pela maior adaptação estratégica dos recursos, apoiada pelas novas tecnologias. “Hoje em dia a tecnologia permite-nos avaliar dados e tomar decisões sobre esses dados”, explicou. O presidente da Portugal Nuts acredita que o processo de tomada de decisões dos agricultores sobre as produções beneficia, cada vez mais, do aumento de ferramentas de tecnologias de medição de precisão na agricultura.  “Será aqui que eu acho que onde irá haver uma grande mudança, na avaliação dos dados e tomada de decisão”, concluiu.

Soumodip Sarkar, presidente executivo do PACT – Parque do Alentejo de Ciência de Tecnologia. Fotografia de Luís Barra

O encerramento do evento ficou a cargo de Soumodip Sarkar, colunista da EXAME e presidente executivo do PACT – Parque do Alentejo de Ciência de Tecnologia – local onde decorreu a segunda conferência da 3ª edição das ESG Talks.

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