eco.sapo.ptPedro Loureiro - 24 abr. 11:55

Viva a Liberdade!

Viva a Liberdade!

À eficiência das vendas e à eficácia da performance deve somar-se a consciencialização de que, com um setor de comunicação forte, todos ganhamos. Como sociedade, como economia e como cultura.

Googlando por uma confirmação de data (a pesquisa feita foi: “primeira televisão privada Portugal”), o resultado demorou apenas 0,26 segundos a aparecer e a primeira entrada rezava assim: “Eram 16h30 minutos do dia 6 de outubro de 1992 quando a televisão em Portugal mudou. Alberta Marques Fernandes deu a voz e a imagem ao primeiro canal privado do país.”

Foram precisos 18 anos, depois do 25 de abril de 1974, para que Portugal rompesse o monopólio televisivo estatal. O surgimento da SIC, da TVI (uns meses mais tarde, já em 1993) e da televisão por cabo (em 1994) representou mais um degrau da escada da construção da nossa democracia.

Com liberdade de informação e de comunicação, com liberdade de iniciativa e propriedade privada, com pluralidade e diversidade na comunicação social, Portugal – que à data já pertencia à então CEE (Comunidade Económica Europeia) há sete anos! – libertou-se um pouco mais do regime anterior, que pela sua natureza, naturalmente, não tolerava qualquer uma destas liberdades que, de tão normalizadas, damos hoje por garantidas.

No arquivo da RTP podemos encontrar esta reportagem, de 1990, que dá nota da privatização do Diário de Notícias (DN), “o último jornal do Estado a ser vendido”.

O DN, que é uma grande marca, tem vivido tempos conturbados nestes últimos anos, não escapando a uma tendência de declínio de vitalidade que perpassa, com algumas exceções, a generalidade do panorama mediático nacional, profundamente influenciado pelo advento e afirmação da economia digital.

A tendência, aliás, não é uma singularidade lusitana, antes um movimento global que acarreta desafios profundos para a comunicação social, que à luz da prevalência do digital na nossa economia e sociedade parecem ser, no curto prazo, mais e maiores do que as oportunidades.

O quadro do mercado, e da liberdade económica, não é por si garantia absoluta da pluralidade e da diversidade dos media, que, sendo ingredientes essenciais da receita democrática, são também essenciais para que as marcas comuniquem com os seus públicos e com os consumidores.

Nos 50 anos do 25 de abril, escolher comunicar nos media, através de publicidade e de outros formatos, é uma op��ão consciente que as empresas e as marcas podem e devem fazer.

À eficiência das vendas e à eficácia da performance – que crescentemente empurram a comunicação para o digital, para as redes sociais ou para os influenciadores – deve somar-se a consciencialização de que, com um setor de comunicação forte, todos ganhamos. Como sociedade, como economia e como cultura. No fundo, como país.

Porque se é verdade que o espaço livre do digital conquistou em definitivo o globo – a internet é uma geografia contínua, sem fronteiras físicas ou fusos horários –, também não é menos verdade que, quando precisamos mesmo de ser informados com precisão e com rigor, é na comunicação social, seja em que suporte for, que confiamos.

As agências de meios, ao aconselharem os seus clientes e ao justificarem que os seus investimentos em espaço publicitário na comunicação social podem não apenas dar-lhes a visibilidade pretendida, como ajudar à vitalidade de um setor que é importante para toda a sociedade (mesmo que muitos nem se apercebam da importância do jornalismo), estão a prestar um serviço público.

Gosto da ideia de as agências de meios serem aliadas primordiais das marcas na sua liberdade de comunicação, mas gosto igualmente da ideia de as agências de meios serem (ou poderem ser), também, promotoras de investimentos (via publicidade) no setor da comunicação social, um dos pilares essenciais do regime que há cinquenta anos estamos a construir. Viva a Liberdade!

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