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25 de Abril e o complexo da sua profanação

25 de Abril e o complexo da sua profanação

A partir dos instrumentos de análise de Jean Baudrillard, que apontou para uma tentação de submeter o século XX a um processo de revisionismo e desinformação imparável, procuramos compreender como as comemorações dos 50 anos da revolução dos cravos procuram esvaziá-la de sentido, e como apenas exprimem uma forma de arrependimento.

Diante das infindáveis representações e refracções dos acontecimentos que se seguiram à madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974, é difícil não se ser engolido pela sensação de que todo esse processo ficou refém de uma inflação especulativa que vai produzindo à vez uma série de embustes e quimeras, num processo de revisão dilacerante, imparável, marcado ao mesmo tempo pela excitação e pela indiferença. Parece que somos arrastados para um trabalho de luto, entre momentos de euforia e outros de depressão, sendo sempre confuso o balanço que tentamos fazer de um momento crucial do nosso passado recente. O esforço de supressão de todos os conflitos, de modo a que a revolução dos cravos pudesse ser comemorada e assumida por todos, de algum modo retirou-lhe todo o conteúdo propriamente revolucionário, tornando-a uma abstracção de tal ordem que pode significar tudo e o seu contrário, pelo que só uma oblíqua indagação poderá captar algo de inusitado.

O que chegou a ser um estado de alteração profunda, acabou por ser submetido a uma reabilitação de tal ordem que só tem gerado ora uma sensação de ressentimento ora de arrependimento. Este período vê-se, assim, submetido a toda a espécie de interpretações, especulações, falsificações e usurpações, muitas vezes num esforço de branqueamento perpetrado por aqueles que procuram apagar tantos dos desequilíbrios corrigidos e que agora reemergem, de tal modo que a História parece sujeita a um movimento implacável de contracção, até não fazer mais sentido nenhum e ser difícil reclamar a glória de um verdadeiro momento de recomposição do quadro político e social.

Eis que, meio século depois, nos vemos devolvidos ao mesmo enredo “protelário” de que falava Maria Velho da Costa. De algum modo a democracia foi perdendo o vigor até se achar entrevada, e o seu próprio léxico foi posto a ridículo. Abandonados os usos mais rigorosos e ríspidos da linguagem, os mais licenciosos também, regulou-se esse horizonte da produção de sentidos actuantes e o discurso foi remetido a um novo regime de formatação, aperfeiçoado por uma classe de comentadores que preservam o ambiente de “moderação” e amorfia intelectual. Assim, estamos de volta ao ambiente de clausura das gerações que se sucedem nos mesmos vícios de antes, sendo-nos inculcado “o familialismo untuoso, o bucolismo decrépito, a terna colaboração de classes, o irracionalismo patrioteiro, o culto da ordem e asseio, a vocação da assépcia que evita a catástrofe sempre iminente, o academismo pedante, a sufocação pedagógica”...

Os desavergonhados agentes desse regime de contrafacção são normalmente os mesmos que lêem a realidade e demonstram um elevado grau de tolerância e complacência perante todas as misérias. Hoje, o mesmo esforço de apagar os elementos mais desagradáveis e até cruéis daquele grande salto em frente é levado a cabo por aqueles que procuram forçar esse concentrado de noções que supostamente teriam vencido a ideologia, colocando-se ao abrigo dos postulados da “ciência económica”. Assim, vão-se impondo novos quadros de submissão, desde os estágios laborais “sem receber um chavo e de sorriso nas ventas”, aos baixos salários, recibos verdes, precariedade, flexibilidade, adaptabilidade, tudo em prol da produtividade e do consumo.

A História permanece debaixo de vigilância, e são bem-vindas todas as leituras contando que não perturbem a vida conformista. A este respeito, e seguindo a pista oferecida por Hilda Hilst, é importante lembrar que o processo de imbecilização das massas não é um estado passivo, e que a futilidade, a partir do momento em que é a própria essência de um ser, se revela um estado violento. O desejo de consumo que domina inteiramente a vida social, assume uma feição obsessiva no dia-a-dia, as pessoas podem não ter um rumo definido, nem grandes valores ou crenças, mas passam semanas a planejar a aquisição de uma porcaria qualquer, e ai de quem levante obstáculos na hora em que saem para ir levantar o prémio por esse quotidiano de miséria. Enquanto isso, por trás do amontoado da sua fraseologia revolucionária obsoleta, vai-se perdendo a noção dos tantos recuos a que temos assistido, e desses direitos que subitamente ganharam expressão naquela Primavera tão cruel para a velha sociedade. Essa que não precisou de muito tempo para pôr cobro ao movimento social de características revolucionárias, retomando as suas posições e privilégios.

Sinal do perigo que o 25 de Abril ainda representa é o facto de, ao fim de meio século, ser ainda necessário corrigir as percepções, dando lugar primeiro a uma visão nostálgica da revolução, para depois se proceder a uma reciclagem de modo a que todos se possam reconciliar com ela, e, por fim, protegê-la como “uma obra-prima em perigo” (Baudrillard). Não espanta, por isso, que a celebração dos 50 anos surja como o coroar de um punhado de sociólogos, artistas, poetas, performers, militantes sindicais e políticos, actores de teatro, músicos, académicos, conferencistas, mesa-redondistas. Vemos sempre esse mesmo clero dedicado à comemoração de todo o tipo de efemérides, reclamando com a maior das naturalidades tudo o que assuma a categoria de “património imaterial”, assumindo a posição estratégica dos legítimos herdeiros e gestores de memória. A este respeito, vimos também consolidar-se a posição da editora patenteada de Abril, que tem levado a parte de leão dos apoios institucionais, e nem é preciso referir o seu nome, pois basta mirar os escaparates e constatar com assombro esse modelo de privatização de Abril, repetindo-se o mesmo selo nos materiais de propaganda que têm sabido inverter e sujeitar aquele tempestuoso período da vida política e social portuguesa a essa unidade mística que lhe oferece um presente ao abrigo da História.

Hoje parece indiscutível que Abril se encantou, tornando-se um elemento positivo e conservador, alinhado com as lógicas do funcionamento do sistema mercantil e espectacular, ajudando uns poucos a encherem os bolsos. E são esses mantenedores da falsa contestação que acabam por concentrar em si todas as mistificações do sistema. São estes agentes produtores da mercadoria cultural aqueles que mais têm contribuído para viciar um público nesse cadáver congelado de Abril, hoje difundido por toda a parte, devidamente embrulhado em celofane, nos supermercados onde a má consciência busca essa compensação imediata e fantástica para a miséria real da vida quotidiana. Como assinalou Jean Baudrillard, os comportamentos exaltantes, comemorativos, todos esses monumentos, cenotáfios da cultura são formas activas de ressentimento e de arrependimento. “Há duas formas de esquecimento: ou a liquidação lenta ou a violenta da memória, ou a promoção espectacular, a passagem do espaço histórico para o espaço publicitário, passando os media a ser o lugar de uma estratégia temporal de prestígio…”, refere o sociólogo francês. “Foi assim que, com uma grande quantidade de imagens publicitárias, construímos uma memória de síntese que nos serve de referência primitiva, de mito fundador, e sobretudo que nos dispensa do acontecimento real da revolução.”

Adaptando à realidade portuguesa uma frase de Louis Mermaz, ex-presidente da Assembleia Nacional da França, é fácil constatar que a revolução não está na ordem do dia no nosso país, uma vez que esse mito fundador hoje serve para delimitar uma zona rica em fósseis e que por isso deve ser preservada tal como está, caucionando a ideia de que todos hoje gozamos as liberdades e benefícios daquela Primavera. Podemos estar há muito trancados num Inverno sem saídas, mas a revolução tornou-se uma projecção retrospectiva que já não admite a actualização dos seus ecos. “É assim: aconteceu, terminou, jamais voltará a acontecer”; prossegue Baudrillard. “Todo o nosso sistema se baseia nessa antecipação negativa. Não só já não somos capazes de produzir uma história nova, como nem sequer somos capazes de garantir a sua reprodução simbólica. Construímos uma ópera na Bastilha. Reabilitação irrisória: apresentar-se-á lá música real para o povo, que, aliás, não beneficiará muito com isso; são as pessoas cultas que irão assistir, confirmando a regra segundo a qual os privilegiados costumam consagrar à arte e ao prazer os lugares onde os outros foram mortos.”

Em sintonia com a proposta feita por este autor, deveríamos sugerir ao povo que tomasse de assalto as comemorações oficiais e destruísse esta data simbólica, para que a revolução seja libertada dessa condição piedosa, dessa camisa-de-forças, causando de novo algum pavor entre a velha sociedade que há muito a condenou a essa glorificação esvaziada de todo o seu efeito transformador.

Parece assim que estamos destinados à retrospectiva infinita de tudo o que nos precedeu, e o que é válido para a política e para a moral parece igualmente válido para a arte, como vinca Baudrillard. Assim, se nos ativermos à poesia e a outras intervenções de cariz literário, vemos como persiste um enredo entre o abúlico e o desesperado, sem vozes intelectuais capazes de rechaçar a ironia publicitária que actualmente submerge o mundo artístico. Como a trama gasta de um tecido, os escritores volvem o olhar sobre esse ombro com meio século, e apenas exprimem a desilusão das coisas, “uma ironia fóssil” (Baudrillard).

Numa confrangedora antologia que nos tem chegado com a periodicidade de um poema por dia no jornal Público desde o início do mês, e que chegará aos 50 poemas, “Poesia Pública” é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda, podemos recolher este exemplo bem ilustrativo desse regime de ironia cretinizante e de paródia inane a que tanta poesia corre a entregar-se: “Se o sofá não/ fosse cómodo (e a rua não fosse/ tão longe) juro/ que ergueria o peso imenso da alma/ e ia à/ manifestação. Desta vez juro que iria. Mas/ do que posso ajuizar (pelas/ imagens em directo) chegaria atrasado/ já lá estão os companheiros/ (com/ palavras levantadas) lutando por eles/ e por mim. Menos um não faz diferença. Mas/ juro que irei partilhar (daqui/ deste meu sofá) o/ texto do comunicado e/ quando ouvir no ecrã o cinismo do ministro/ juro que o/ vou insultar. Daqui deste meu sofá./ Desta vez/ estou empenhado”. O poema é do Prémio Pessoa de 2022, João Luís Barreto Guimarães, e ajuda a ressaltar a cumplicidade da imprensa ao evidenciar esta solidariedade entre medíocres, que nos vão servindo reles comentários a uma realidade deplorável onde os mesmos triunfam. “Assim todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão na podridão”, como notara há muito Eça de Queirós, ao tomar o pulso à literatura do seu tempo.

Desfiando o rosário desses versos ora mais ligeirinhos ora mais pretensiosos, uns num garridismo ensandecido (“por ti/ eu raptava a Emma Stone e, nos intervalos, lia-lhe Gedeão às escondidas do ministério/ púdico”, escreve João Gesta) percebe-se como participam nesse esforço de alimentar a mesma beataria cultural de sempre, nesse consumo de ostentação de uns produtos bastante hipócritas ou inócuos. Alguns destes versos serão exibidos triunfalmente em mupis publicitários espalhados pela Invicta, e muitos estão prenhes de optimismos gordurosos, atirando-se à retórica com um ar vitorioso e saturado de gravidade, que prova que Magris tinha razão ao afirmar que “o bidé lírico tem sempre a necessidade de doirar a pílula”. Leia-se o contributo de António Carlos Cortez: “Vozes que vazaram onde vão, diz um poeta/ de outrora seu eco desaguando neste texto./ Estamos no olho do furacão no tempo errado?// Abril é memória convulsiva e dizes/ “Onde vão as vozes que vazaram”/ repetindo outra era, outro pó e outro estado// Na fotografia antiga um soldado no largo/ onde tanques mergulhados estavam por/ uma multidão sanguínea, crianças com flores// de paz despediam-se dum tempo escuro e frio/ Abril tinha ainda no rio as formas trágicas e/ heróicas e era uma porta aberta ao dia claro// Mas quem cerrou o tempo ao ido grito/ de uma esperança refractada?/ Abril de mil novecentos e setenta e quatro// guardo como uma idade mágica não vivida/ mas sentida ao longo destes anos em que nada/ o teu calor intempestivo pode apagar”.

Na outra margem, temos aqueles que vão cair no tal convencionalismo cínico, nos quadros de ressentimento que rimam com a consciência geral. Neste capítulo, talvez Daniel Jonas tenha conseguido empurrar para um nível paroxístico essa forma de assinalar aquela data do modo mais lacónico, através de um “Boletim Meteorológico de 25 de Abril de 1974”: “Céu/ Muito nublado no litoral./ Pouco nublado no interior./ Vento

Fraco a moderado de noroeste./ Neblina/ Em alguns locais./ Céu/ Muito nublado e/ Vento/ Fraco de norte/ Na Madeira./ Nos Açores/ Vento/ Fraco/ Céu/ Geralmente pouco nublado./ Cravos/ predominantemente.”

Parece que, mesmo dos mais ousados artífices, Abril já só consegue arrancar uns Serviços Mínimos. Apesar da abundância de composições, em vez de uma pluralidade de visões, o que parece organizar-se é uma greve na qual se pressente uma incapacidade geral de provocar uma torção dos sentidos. Abundam os clichés e as imagens mais hesitantes, nervosas, sempre noções mais ou menos estéreis, enredos colados a uma quotidianidade despida de qualquer força evocativa ou de uma capacidade de apelar a elementos inusitados, ou sequer de episódios obscuros e apaixonantes.

Como há muito advertia Jorge de Sena, o decantado sarcasmo na poesia portuguesa fica-se habitualmente pela indignação verbal. Nestas alturas, pode-se sempre contar com Filipa Leal para vir para frente dar o pregão e erguer os pompons vestida de líder sindical: “As pessoas estão na rua/ (mas não para passear como os turistas;/ estão como os turistas não estão:/ a dormir na rua, sem habitação.) (…) Agora, que já fizemos a revolução,/ porque não amassamos o próprio pão/ na nossa própria habitação?”

Logo atrás, a dar-lhe forte no tambor, temos Francisca Camelo: “pedem-me que escreva poemas/ sobre revolução/ mas hoje acordei triste e/ não se fazem revoluções/ sem alegria.// há quanto tempo não festejamos?// há quanto tempo não há/ dinheiro para comprar flores?/ há quanto tempo não há/ tempo para plantar uma casa?// (uma casa para uma família/ demora/ 200 a 500 mil euros/ a plantar)// eu não quero sair daqui./ não quero, não quero,/ conheço estas pessoas/ o cheiro destas ruas a padaria/ que tem o melhor pão o restaurante (…)”

A maioria destes poetas balançam entre a mesquinha miopia e o género de alucinações incapazes de provocar vertigens, uma vez que nem cheiram o abismo, mas limitam-se a apontar vagamente na sua direcção. Estamos sempre diante dos mesmos inventários, de constantes recapitulações, e muitos parecem executar de forma burocrática esse esforço de recuperação de todos os excrementos sagrados e resíduos que rimam e soam a autênticos pedaços da História. Assim, Sophia é facilmente a poeta mais citada, numa espécie de ladainha que se rege pela montagem artificial, numa vontade de corresponder às expectativas, e isto aponta para a forma como do 25 de Abril se fez já um trailer, e vemos passar as mesmas imagens de arquivo, arrastadas pelas mesmas canções, por aquela promessa de um futuro já desbotado e que provoca uma dissonância estarrecedora face a este tempo, pois o que falhou não foi certamente aquele período de abertura e agitação, mas é esta tentação de encarar o passado como uma desilusão, como se não nos oferecesse já a substância do tempo, de modo a podermos desencadear outros processos de transformação da realidade.

De algum modo, em vez de produzir novos sentidos, esta antologia limita-se a ler de forma muito condicionada esses acontecimentos que nos precederam, tentando preservar a sua glória intocada, voltando a autopsiar delicadamente o seu cadáver antes de o devolver ao mesmo buraco. Seria bem mais produtivo se os poetas fossem capaz de congeminar acontecimentos irreais, desinformar audaciosamente o público, gerar o caos, produzindo novas variações, retirando de cena os actores do costume, esses intérpretes autorizados. O problema é que encaramos a própria história como um regime de esmagamento, o qual nos força a abdicar da acção, desertando o nosso tempo, para deixar que este continue entregue a essa actualidade vazia.

Caberia aos poetas resgatar o tempo a essa reacção em cadeia que nos expulsa do próprio lugar que ocupamos, abrir margem a acontecimentos estranhos, que em vez de fazerem avançar a história no mesmo sentido, provocassem desvios, cortes, interrupções ou, até, que procurassem fazê-la inverter a marcha. Em vez desta insipidez de vazio, desta inanição, seria preciso resgatar o processo histórico propriamente dito, a sua aura, a hipótese de algo verdadeiramente inesperado e que provocasse uma súbita alteração das regras do jogo. Mas, hoje, a ordem do suceder parece ter sido capturada, e “os acontecimentos não vão mais longe que o seu sentido antecipado, a programação e a difusão” (Baudrillard). Os media preencheram todos os interstícios, e os poetas colaboram alegremente, procurando assumir alguma evidência nesse enredo abortivo, e que apenas gera indiferença. Isto explica a emergência de tal impotência crítica, criativa e construtiva, sendo um efeito da mercantilização radical dos processos culturais.

Por isso, e ainda que registem mais alguns esforços, tentativas honestas, mesmo os melhores poetas se deixam absorver pelo vazio, pelo mutismo. Parece que vemos os lábios moverem-se, mas nada soa, nada rompe esta longa acumulação negativa. Os mais honestos calam-se ou falam para outro tempo, outro lugar, esperando que a catástrofe descongele o processo histórico. Quanto aos restantes, não deixa de nos espantar a sua aptidão para se transformarem em militantes de toda e qualquer espécie. Isto é, aliás, elucidação bastante da sua impotência, e mais ainda da sua necessidade de, seja como for, se proporem, irem a todas. E, na margem de liberdade que lhes é oferecida pelo espectáculo totalitário, apesar do seu emprego do tempo mais ou menos descuidado, continuam a ignorar a aventura, preferindo um espaço-tempo quotidiano feito de estreiteza, mostrando-se sempre dispostos a participar em qualquer manifestação estéril, em tudo o que sejam actos pretensamente simbólicos, mas que não exigem qualquer compromisso e são, na verdade, ordenados na sua intenção pelas barreiras desse regime do espectáculo.

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