expresso.pt - 18 abr. 18:49
Fernando Medina: “Se fosse possível resolver todos os problemas com aumentos de salários, era bastante fácil”
Fernando Medina: “Se fosse possível resolver todos os problemas com aumentos de salários, era bastante fácil”
Ao fim de dois anos, Fernando Medina sai do Terreiro do Paço e segue para São Bento. O ex-ministro das Finanças e agora deputado acha que “os portugueses valorizam a gestão criteriosa, rigorosa que a governação do PS durante oito anos fez das finanças públicas” e defende que o excedente que deixa não foi o motivo para alguns problemas dos serviços públicos
O ex-ministro das Finanças ainda se está a habituar ao papel de deputado, depois de ter saído do ministério das Finanças com um balanço positivo, acredita. O socialista continua a defender que nem todos os problema dos serviços públicos se resolvem com mais dinheiro e por isso defende o seu excedente: “Não é possível gerir por antecipação à décima”, diz, acrescentando que o “excedente de 2023 é exclusivamente decorrente do saldo positivo do sistema de Segurança Social”.
Do que é que se orgulha mais de ter deixado ao fim de dois anos?
Acima de tudo, de ter deixado um país mais protegido de eventos e de crises financeiras internacionais. Contudo, um país que continuou um processo de convergência com a União Europeia e que ao mesmo tempo foi capaz de reduzir a pobreza, de aumentar muito o nível de qualificações dos mais jovens e também dos menos jovens. Esse é o fator estrutural que está a mudar as perspectivas de crescimento da nossa economia. É uma economia que está hoje numa situação em que raras vezes esteve na história, que é uma situação de equilíbrio no mercado interno, numa situação de pleno emprego, e de equilíbrio na nossa balança externa. Tudo, ao mesmo tempo que temos equilíbrio nas contas públicas. É uma situação raríssima na história económica portuguesa. Isto é um enorme mérito da governação de António Costa. É de todos os que partilharam a governação nas várias pastas, e eu orgulho-me muito de ter feito parte deste período.
Nesta resposta não ouvi falar dos serviços públicos. Acha que aí o seu legado não é assim tão positivo?
Instalou-se um discurso relativamente aos serviços públicos que resultou da convergência de diferentes fatores. Os serviços públicos estão hoje com uma pressão maior do que tinham no passado. O SNS atende mais pessoas, faz mais consultas, faz mais cirurgias e serve mais os cidadãos do que antes da pandemia. E por isso temos aqui um desafio. Há uma pressão muito grande sobre o sistema. As soluções fundamentais para o sistema, muitas delas estão encontradas e precisam de não ser interrompidas a sua execução.
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