expresso.ptexpresso.pt - 18 abr. 14:33

Líder de extrema-direita na Alemanha julgado por usar slogan nazi

Líder de extrema-direita na Alemanha julgado por usar slogan nazi

Bjorn Hocke, que usou uma expressão nazi num discurso em 2021, é uma das principais figuras da AfD e a estrutura regional que lidera está a ser vigiada pelas autoridades por atividade extremista

Arrancou esta quinta-feira o julgamento de um dos líderes mais importantes do partido de extrema-direita Alternativa pela Alemanha (do alemão Alternative für Deutschland, ou AfD), acusado de ter usado um slogan nazi numa campanha eleitoral regional.

Expressões e simbologia nazis são estritamente proibidos e seu uso continua a ser um assunto tabu no país, acarretando uma multa ou uma pena de prisão de entre um a três anos.

A acusação afirma que Björn Höcke, líder da filial da AfD no estado da Turíngia, terminou um discurso na região de Merseburg, em maio de 2021, com as palavras: “Tudo pela Alemanha!” (do alemão “Alles für Deutschland”). Ora, a expressão é conhecida por ser um slogan das SS, a organização paramilitar que deu suporte ao regime de Adolf Hitler e à execução do Holocausto.

Segundo a Associated Press, Höcke argumentou, num debate com um rival conservador na semana passada, que desconhecia que se tratava de um slogan nazi e que é “uma expressão do dia a dia”. Mas os procuradores, por outro lado, garantiram que, como um antigo professor de História, o líder político estaria bem ciente do significado da frase.

O julgamento vai prolongar-se até ao dia 14 de maio. Esta quinta-feira, à porta do tribunal, mais de 500 manifestantes juntaram-se para protestar contra o membro do partido de extrema-direita, exibindo cartazes que associavam Björn Höcke ao nazismo.

Protesto contra Björn Höcke, na Alemanha Filip Singer/Pool/Getty Images

Höcke, líder da filial da AfD no estado da Turíngia desde 2013, é uma das mais importantes figuras no partido, e também uma das mais extremistas. Com 52 anos, o ex-docente é responsável pela crescente extremização de um partido intrinsecamente nacionalista, e está na AfD desde o ano da fundação.

Ao longo da sua carreira no grupo extremista, em que também pressionou membros mais moderados a abandonar o partido, Björn Höcke tornou-se conhecido por declarações polémicas. Em 2017, segundo conta o “Der Spiegel”, quando a localidade de Bornhagen colocou um monumento em homenagem às vítimas do Holocausto (igual ao que existe em Berlim) a poucos metros da sua casa, o político da AfD disse que era “um monumento da vergonha”.

Höcke também já apelou a que a Alemanha faça uma “viragem de 180 graus” na sua memória coletiva, considerando que as críticas ao nazismo são uma tentativa de “roubar a identidade coletiva” dos alemães e de “limpar as raízes”.

No final de 2023, os serviços de informação alemães classificaram o ramo da AfD na Turíngia como uma organização “comprovadamente extremista”. As autoridades têm tomado decisões semelhantes em outros estados da federação alemã.

Apesar do cerco sanitário dos outros partidos à extrema-direita na Alemanha, a AfD continua a ter uma dimensão considerável, que complica as contas da governação a nível local. E, com o alargamento do voto para maiores de 16 anos a partir das próximas europeias, estima-se que o partido volte a crescer. A próxima eleição para o parlamento federal no estado da Turíngia está marcada para o dia 1 de setembro.

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