www.vidaeconomica.ptvidaeconomica.pt - 18 abr. 15:04

Cooperação entre Portugal e Índia pode criar oportunidades positivas para empresas

Cooperação entre Portugal e Índia pode criar oportunidades positivas para empresas

“Iniciativas que promovam a cooperação entre a Índia e Portugal podem certamente criar oportunidades positivas para as empresas portuguesas” – afirma Miguel Rodrigues, impulsionador da “Rota de Gama 1524-2024”, nome dado à viagem até às “cidades de Gama” (Damão, Diu, Calicute, Goa e Cochin). “A troca de conhecimento e tecnologia entre os dois países pode levar a colaborações inovadoras em diversos setores, como tecnologia, turismo, energia renovável, saúde e educação”, acrescenta.
Vida Económica - A aventura pelas cidades de Gama é uma forma de recordar a história do país e valorizar o nosso legado cultural? Miguel Rodrigues - É muito gratificante vivermos numa época onde se celebram centenários de datas que marcaram a nossa história em momentos cruciais. Em 2020 tivemos os 500 anos da circunavegação de Fernão Magalhães, em 2022 os 500 anos da descoberta da Austrália (ilha do ouro) pelo navegador Cristóvão de Mendonça e agora em 2024 os 500 anos da terceira e última viagem de Vasco da Gama, que morreu em Cochin na véspera de Natal. Recordar o nome de Vasco da Gama, nas cidades onde ele fez história cá e lá, é uma oportunidade única para podermos fazer um tributo a quem conseguiu estabelecer um novo trilho para as mercadorias do corpo e da alma: é a Carreira da Índia a destronar a Rota do Levante, Portugal a impor-se a Veneza, estabelecendo uma ligação anual entre Lisboa e os portos do Oriente. O projeto de aventura “Rota de Gama 1524-2024” prevê visitar as cinco de cidades onde Portugal teve uma presença significativa, Diu, Damão, Goa, Calicute e Cochin. Na Índia vive-se no presente um período eleitoral, onde temos vários condicionalismos e constrangimentos na promoção de eventos sociais ou festivos, pelo que iremos ser recebidos em Goa por portugueses num ambiente mais reservado, de forma a não violarmos as normas impostas pelas autoridades. Portugal hoje deve muito à coragem dos nossos heróis, que desbravaram rotas marítimas, comerciais, dando um contributo ímpar ao nosso desenvolvimento científico e comercial, catapultando o nome de Portugal por esse mundo fora. Sinto que, em algum momento, todos nós temos obrigação de marcarmos o respeito e admiração por aqueles que fizeram deste pequeno pedaço de terra uma referência mundial. VE - Quais são os principais desafios que a longa viagem coloca? MR - O trânsito, calor/humidade e a alimentação. O trânsito na Índia é caótico. Grande parte dos condutores, conduzem de forma empírica, sem habilitação e sem conhecimento das regras, a acrescer os animais que circundam na via pública, onde nos aparecem de forma inesperada, pelo que nos obrigará a uma condução de muito improviso e muito defensiva. Será um grande desafio chegar inteiro ao final de cada dia… O calor acrescido de humidade será sempre um grande problema. As temperaturas estarão quase sempre acima dos 30 graus com uma percentagem de humidade acima dos 90%! Nestas condições nunca devemos reduzir o nível de proteção, viajando sempre equipados independentemente do desconforto dos equipamentos debaixo destas condições. A hidratação será sempre a nossa preocupação, pois só assim poderemos progredir na aventura. Quanto à alimentação, pois será a nossa grande oportunidade de aprender a gostar de cozinha indiana… Teremos que ter um cuidado muito grande no que comemos e no que bebemos, pois os nossos organismos não estão familiarizados nem calibrados com este tipo de “combustível”.  VE - A iniciativa pode contribuir de forma positiva para a aproximação entre a Índia e Portugal criando oportunidades de cooperação as empresas portuguesas? MR - Assumimos que sim, porque iniciativas que promovam a cooperação entre a Índia e Portugal podem certamente criar oportunidades positivas para as empresas portuguesas, dado que aproximações bilaterais facilitam o intercâmbio comercial, cultural e tecnológico entre os dois países, o que pode resultar em vantagens económicas mútuas. Por exemplo, a Índia é um mercado em crescimento ( +7 a 8% PIB em 2023) com uma grande população consumidora e uma economia diversificada, o que oferece um vasto potencial para as empresas portuguesas explorarem novos mercados e expandirem os seus negócios. Além disso, a troca de conhecimento e tecnologia entre os dois países pode levar a colaborações inovadoras em diversos setores, como tecnologia, turismo, energia renovável, saúde e educação.  Entendemos como positivo lançar sempre iniciativas que destacam o nome de Portugal em contexto global com potencial de reforçar a perceção da presença (muitas vezes esquecida) e relevância do país em diversos cenários internacionais.  Viagem de cerca de 30 dias e 10 mil quilómetros O grande impulsionador desta Rota de Gama, nome dado à viagem até às “cidades de Gama” (Damão, Diu, Calicute, Goa e Cochin), é Miguel Rodrigues, de 59 anos, um eterno apaixonado pela história portuguesa, pelo mundo da navegação e por viagens de aventura. Nascido e criado no Porto, trabalhou durante 30 anos num banco, mas do que gosta mesmo é de pegar na moto e conhecer o mundo e realizar viagens com um significado especial. Ao contrário das outras aventuras, Miguel sabia que faria sentido ir com mais três pessoas. Lançou o desafio ao amigo Hélio Santos, com quem já viveu várias experiências do género, e a Pedro Costa, de 62 anos, uma dupla que conheceu através da BTT, um desporto que ambos adoram. O quarteto ficou concluído com Luís Toscano, 51, com quem trabalhou durante vários anos na banca e criou uma amizade até aos dias de hoje. Em vez do percurso por terra, o grupo vai voar até Nova Deli, capital da Índia, onde terão quatro motos da Royal Enfield — um dos parceiros da viagem — à espera de Miguel, Hélio, Luís e Pedro. A partir daí começa então a “Rota de Gama”, uma viagem de cerca de 30 dias e 10 mil quilómetros. A partida acontece hoje, dia 19, mas arranca oficialmente a 21 de abril na Índia. Recorde-se que a 23 de março realizou-se uma partida simbólica de Sines, cidade natal do navegador português.
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