expresso.ptexpresso.pt - 18 abr. 12:53

Trabalhadores da Efacec aprovam greve parcial para dias 6, 8 e 10 de maio

Trabalhadores da Efacec aprovam greve parcial para dias 6, 8 e 10 de maio

Reclamam um aumento de 180 euros, redução progressiva de trabalho e maior clareza sobre a estratégia do novo dono, o fundo alemão Mutares. Paralisação acontece com trabalhadores sob ameaça de despedimento coletivo

Seis meses após a privatização, os trabalhadores da Efacec apresentaram um pré-aviso de greve de duas horas por turno para os dias 6, 8 e 10 de maio. A decisão foi votada na quarta-feira em plenário, num momento em que a empresa está a negociar a saída voluntária de trabalhadores e tem em cima da mesa a hipótese um despedimento coletivo. O Expresso tentou sem sucesso obter um comentário da Efacec, controlada pelo fundo de investimento Mutares, que assumiu o controlo da empresa em novembro, na sequência do processo de privatização.

A greve foi aprovada por larga maioria, na quarta-feira, nos plenários dos turnos da manhã e da tarde na Arroteia (Matosinhos) e na Maia", disse ao Expresso o coordenador do SITE Norte - Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte, Miguel Ângelo.

Em causa está um protesto contra a falta de resposta da administração da empresa aos pedidos de reunião já apresentados pelo sindicato desde que a Mutares assumiu o controlo e a um caderno reivindicativo que propõe aumentos de 180 euros para todos os trabalhadores, a par da redução progressiva do horário de trabalho, entre outros pontos.

"É uma greve para defendermos os empregos na Efacec", diz o dirigente sindical sublinhando "o ambiente de grande ansiedade que se vive na empresa, onde continuam a ser chamados trabalhadores para rescisões amigáveis".

"Do nosso lado, a mensagem é clara: o pior a fazer é deixar tudo como está", sublinha. E, em cima da mesa da contestação está, ainda, a possibilidade de um segundo pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário em Maio.

Entre o despedimento e a realização de horas extraordinárias

Para os trabalhadores, apesar da palavra de ordem que está a ser passada pela direção ser "confiança", "a luta continua". "Temos de lutar porque tudo permanece incerto e pouco claro", justifica ao Expresso um trabalhador. Um exemplo? "Estão a fazer rescisões e a pedir a quem está a trabalhar para fazer horas extraordinárias para dar resposta às encomendas", responde.

Quem trabalha na empresa admite que neste momento, ao contrário do que acontecia no passado recente, "não falta trabalho porque há encomendas e matéria-prima, mas apesar disso a tensão continua". "Quando falta informação, os rumores multiplicam-se. Vimos de um cenário de instabilidade e continuamos a trabalhar no meio de rescisões e de um despedimento coletivo. Vemos pessoas a saírem todos os dias e temos pela frente uma reestruturação que vai fechar secções e mudar a Efacec. Não é fácil manter o foco", diz um dos funcionário que sairá em breve da empresa e votou favoravelmente a greve no plenário do turno da manhã.

Outro ponto que os trabalhadores consideram "muito inquietante" é o facto da administração liderada por Ângelo Ramalho, que já vem do tempo de Isabel dos Santos, continuar em funções "tanto tempo depois da Mutares assumir o controlo da empresa".

Durante os anos da nacionalização, entre 2020 e 2023, o Estado português injetou cerca 200 milhões de euros na Efacec para garantir a viabilidade da empresa. Deste, cerca de 10 milhões de euros por mês desde Abril de 2022, para cobrir custos fixos, como salários. A este montante somaram-se, na sequência da privatização, mais cerca de 200 milhões de euros aplicados no âmbito do saneamento financeiro da empresa, e 30 milhões com o pagamento de contingências. A Mutares entrou com 15 milhões de euros. O investimento do fundo alemão pode chegar, nos próximos anos, aos 60 milhões de euros.

Artigo Exclusivo para subscritores

Subscreva já por apenas 1,73€ por semana.

Já é Subscritor? Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler
NewsItem [
pubDate=2024-04-18 13:53:53.964
, url=https://expresso.pt/economia/empresas/2024-04-18-trabalhadores-da-efacec-aprovam-greve-parcial-para-dias-6-8-e-10-de-maio-59c0b406
, host=expresso.pt
, wordCount=594
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_04_18_1936982046_trabalhadores-da-efacec-aprovam-greve-parcial-para-dias-6-8-e-10-de-maio
, topics=[empresas]
, sections=[economia]
, score=0.000000]