expresso.ptexpresso.pt - 18 abr. 16:47

Novo programa do Laboratório do Envelhecimento de Ílhavo: um espaço de “cocriação” em que os mais velhos “querem fazer parte da solução”

Novo programa do Laboratório do Envelhecimento de Ílhavo: um espaço de “cocriação” em que os mais velhos “querem fazer parte da solução”

A cada trimestre, o Laboratório do Envelhecimento de Ílhavo apresenta uma nova programação de atividades. Até junho, as possibilidades são muitas: preparar um espetáculo a propósito do 25 de abril ou criar uma coleção de chávenas feitas à mão, mas também aprender sobre a fase da reforma ou a função de cuidador. O projeto é promovido pela câmara municipal, mas o espaço é “construído por todos”

A diversidade da oferta é, mais uma vez, a marca da programação do Laboratório do Envelhecimento de Ílhavo: ao longo do segundo trimestre do ano, há atividades para todos os gostos, desde aprender a modelar e pintar cerâmica, saber como utilizar o computador em segurança ou explorar as técnicas do bordado e tricotar.

Esta programação “tão variada”, como classifica ao Expresso a vereadora da Câmara de Ílhavo, Mariana Ramos, assenta em três eixos: criação, investigação e conhecimento. No primeiro, destacam-se os projetos artísticos “Acordes e Narrativas de Abril” e “O Poema é uma Arma”, no âmbito da celebração dos 50 anos do 25 de abril, que se aproxima. O objetivo é “ter músicos e artistas profissionais que criam com a comunidade, neste caso com os seniores”, enquadra a responsável.

Em conjunto, o encenador Jonathan Margarido e os mais velhos vão explorar “Desfolhada”, de Ary dos Santos, e o resultado final tem apresentação marcada para 19 de maio na cerimónia das Idolíadas. Trata-se de um concurso anual intermunicipal dirigido aos idosos, com provas de poesia, cultura geral ou teatro, numa espécie de “got talent”.

Ainda no eixo da criação, uma das atividades surgiu por iniciativa de duas pessoas que frequentam o Laboratório, Nelson Silva e Acácio Moreira: ambos vão ensinar a criar chávenas feitas à mão, ao longo de cinco sessões, desenvolvendo uma coleção que será depois exposta. “É muito interessante do ponto de vista da cocriação. Sempre pensámos este espaço como um espaço coletivo, permitindo que fosse construído por todos. Os próprios idosos querem fazer parte da solução”, destaca Mariana Ramos.

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Nesta vertente, há ainda lugar para as terças-feiras dedicadas ao bordado, as quartas a tricotar e as quintas a aprender a tocar ukulele, além de continuar o Coro da Memória, com a direção artística de Luís Carvalho, num trabalho intergeracional de criação de músicas que refletem os anseios dos mais velhos.

Na área da investigação acerca do envelhecimento, em que o laboratório trabalha com parceiros como instituições académicas e empresas do ramo tecnológico, há três novos projetos. O DECOHDE – Design para a Comunicação Humanizada da Demência (da Universidade de Aveiro e centros de investigação ID+, DigiMedia e CINTESIS@RISE) visa a “conceção de recursos de informação adaptados” às pessoas com a doença.

Também dinamizados pela Universidade de Aveiro, o RIAM – Realidades Imersivas Ativadoras de Memórias alia histórias de vida ao mundo virtual, enquanto o Sistema Pro Senior TV procura criar um sistema de televisão com o objetivo de “motivar os mais velhos a participar em eventos e atividades sociais” locais, de forma a “combater os sentimentos de solidão e isolamento social”.

No eixo do conhecimento, além de atividades regulares como aulas de informática à quarta-feira e de inglês à quinta, as sessões de formação para cuidadores pretendem “dotar as pessoas de ferramentas e de conhecimento associado à função”, que é muitas vezes “extenuante”, aponta a vereadora.

Stefan Cioata

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Transmitir conhecimento é também o intuito do novo programa de preparação para a reforma, que em diferentes sessões conta com especialistas para ajudar a desenhar um “plano de vida” para essa fase. “Sabíamos que era importante fazer algo em relação a esta matéria, porque sentimos que não há qualquer tipo de preparação e que, por vezes, há questões de ordem de saúde mental e também de cariz financeiro que requerem uma atenção muito especial”, justifica.

Ser influencer sénior ou ser mulher em 1974 são alguns dos assuntos previstos para o podcast “Ouve bem o que te digo”, que junta mulheres mais velhas em quatro debates. “Há temas que são abordados que muitas das mulheres que participam nestas discussões nunca equacionaram que iam ter ‘palco’ ou microfone para o dizer. É terem a oportunidade de fazer com que a sua voz seja ouvida”, retrata Mariana Ramos.

Depois de ter comemorado dois anos em janeiro, o balanço do trabalho desenvolvido até agora no Laboratório do Envelhecimento é favorável. “Estamos muito felizes porque é um projeto em que tudo o que foi planeado no momento do arranque está a ser concretizado e, inclusive nalguns momentos, indo além daquilo que foi pensado”, salienta a vereadora. É o caso da “participação da comunidade”, com os seniores a demonstrar, mais do que o esperado, “vontade de eles próprios criarem a programação”. “É um desafio enorme gerir todas estas dinâmicas, mas o resultado é muito positivo.”

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