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O dia em que começou a guerra civil de Espanha

O dia em que começou a guerra civil de Espanha

A 17 de julho de 1936, eclode em Melilla, uma das principais cidades do então "protetorado" espanhol de Marrocos, uma sublevação militar chefiada por generais ultradireitas, fascistas e monárquicos cujo ódio contra a República e o "comunismo" conduziu à dramática guerra civil que cobriu o país de destruição, morte e perseguições que não cessaram com a vitória do "bando nacionalista", em 1 de abril de 1939, perdurando com o franquismo até 1975.

As notícias da primeira página da edição do JN do dia 18 ainda não refletem a gravidade dos acontecimentos. Sob o título "A situação política em Espanha", o jornal publica três breves telegramas: um sobre o ataque "violentíssimo" do jornal "Política" ao discurso do deputado de ultradireita Gil Robles, imputando-lhe "linguagem" de "um agente da guerra civil" e chamando-lhe "fascista delirante"; o segundo com dados do inquérito ao assassínio, três dias antes, de outro ultradireitista, Calvo Sotelo, que terá precipitado a rebelião; e o terceiro sobre o alvejamento a tiro de um sindicalista metalúrgico à saída de uma reunião política.

Embora ainda confuso, o jornal do dia 19 faz mais luz sobre a rebelião, desencadeada um dia antes do previsto pelos conspiradores - o general Mola à frente, instigado pelo falangista Primo de Rivera. "Graves acontecimentos em Espanha", titulava o JN, em chamada secundária de primeira página, já que a principal estava consignada à "consagração dos ranchos típicos das freguesias", sob patrocínio do jornal. Os pós-títulos avançavam: "Eclodiu um movimento revolucionário em Melilla"; "Escaramuças em Cadiz, Sevilha, Burgos, Madrid e Barcelona. - Em Larache registaram-se sucessos sangrentos. - Lerroux entrou em Portugal e Gil Robles refugiou-se em França".

Fruto das limitações técnicas da época e da guerra de contrainformação e censura que logo começou a travar-se, o jornal dá à estampa um estendal de telegramas contraditórios datados de distintas cidades em Espanha, Marrocos, França e Inglaterra, ora tendentes e dar como vitoriosa a sedição da Legião Estrangeira, comandada por Francisco Franco no Norte de África, e com adesão em várias praças em território continental, ora reiterando que o Governo republicano controlava a situação e que reinava a paz em todo o país. Tanto mais que em Madrid e noutras regiões militares foram detidos inúmeros oficiais e sargentos cúmplices dos sediciosos. Foram necessários três anos, poderosos apoios militares da aliança nazi-fascista da Alemanha e Itália e muitos milhares de mortos para saírem vencedores.

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