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Europa chega tarde à corrida por biocombustíveis para aviação

Europa chega tarde à corrida por biocombustíveis para aviação

As críticas à União Europeia passam pela falta de investimento e burocracia. Nos Estados Unidos há mais incentivos fiscais e facilidade em investir em biocombustíveis, dizem especialistas.
A gigante energética Repsol apostou 200 milhões de euros na ambição europeia dos biocombustíveis para aviação, através da construção de uma fábrica. No entanto, a empresa acredita que a infraestrutura no sudeste de Espanha enfrenta mais dificuldades do que se estivesse do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos.

A petrolífera espanhola indica que a fábrica, que transforma óleo de cozinha usado em combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês) tem atraído vários clientes, mas está preocupada que o ambiente de investimento do Velho Continente vá complicar os esforços da indústria para se afirmar.

"(Na Europa) há uma instabilidade legal e uma máquina regulamentar muito complexa e muito desencorajadora em relação à procura de novas soluções", afirmou Oliver Fernandez, diretor para os biocombustíveis da Repsol, em declarações à Reuters.

"Vemos os Estados Unidos muito a favor de ajudar empresas através de financiamento e focados em ajudá-las a desenvolver produtos novos" em contraste com a Europa, acrescentou.

As preocupações da Repsol ecoam as do setor da aviação como um todo, que estão a apostar fortemente no uso de biocombustíveis, para que seja atingida a meta de 10% do total do uso de combustíveis no setor em 2030, apesar de ser atualmente cinco vezes mais caro.

Como uma das únicas formas de descarbonizar o setor da aviação, os investidores e reguladores estão a pressionar as companhias aéreas para o uso dos SAF. Esta inovação e exigência podem também afetar a capacidade das empresas de levantar capital sob as regras de financiamento sustentável da União Europeia (UE).

Atualmente, os SAF são menos de 1% do combustível usado na aviação. E com várias companhias aéreas ainda a recuperar da pandemia, com margens baixas e altamente endividadas, o argumento utilizado é de que tem de ser feito mais para aumentar a produção e baixar os custos.

Ao passo que as empresas norte-americana estão a receber incentivos fiscais para aumentar a produção de bicombustíveis, a Europa tem estado focada em mandatar a mudança em vez de a incentivar, é o que afirma Laurent Donceel, diretor da empresa de lobby, "Airline For Europe".

Os apoiantes da abordagem europeia argumentam que uma indústria energética rentável devia ser capaz de assegurar o fornecimento de biocombustíveis, acrescentando que o sistema fiscal harmonizado dos Estados Unidos está melhor desenhado para beneficiar de incentivos, como os que fazem parte do Ato de Redução da Inflação, do que os vários sistemas nacionais que fazem parte da UE.

Os requerimentos da UE implicam a construção de sete fábricas, com o objetivo de produzirem anualmente 2,2 milhões de toneladas de SAF até 2030, segundo metas tornadas públicas pela Comissária Europeia dos Transportes, Adina-Ioana Valean.
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