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″O que estão a fazer é pôr os lucros à frente das pessoas″ que precisam de casas

″O que estão a fazer é pôr os lucros à frente das pessoas″ que precisam de casas

Estudantes, reformados e jovens trabalhadores juntaram-se, este sábado, na Praça da Batalha, junto ao Teatro de São João, no Porto, para protestarem contra os aumentos das rendas, a falta de espaços para habitação, problemas de alojamento estudantil e para discutir as medidas do pacote "Mais Habitação".

Ainda antes da hora marcada, a Praça da Batalha já estava cheia de populares que se preparavam para o arranque de uma marcha que iria percorrer as ruas centrais da cidade do Porto.

De 71 anos, Esmeralda Mateus queixa-se da falta da habitação e dos preços elevados das rendas. Vive com um filho que está a pagar "800 euros de renda e tem um salário de 900 euros". "O meu filho, para além do trabalho, faz entregas para conseguir fazer face a todas as despesas". "Eu, com uma reforma de 350 euros mensais, não consigo fazer face a todas as despesas como luz, água e gás".

Ana Rodrigues, de 32 anos, vive no Porto há cerca de seis anos e está numa situação precária em termos de habitação, tal como "muitos amigos e conhecidos que estão a sofrer muito com a situação".

A estudante entende que as medidas relativamente ao pacote "Mais Habitação" são "muito insuficientes" e que deveria haver "mais ênfase na limitação dos preços de arrendamento e nos preços de compra" e mais apoios para o "arrendamento e nos alojamentos dos estudantes". "Neste momento o que estão a fazer é pôr os lucros à frente das pessoas" afirmou.

Já Adriana Lima, de 29 anos, que também é estudante, está de momento a arrendar um apartamento na zona do Porto. "Estou a viver sozinha e tenho sempre a consciência de que quando o meu contrato terminar, a renda pode subir e provavelmente terei de abandonar os estudos".

"É muito triste ver uma geração com muito potencial que tem de deixar os sonhos ficar para trás porque não há condições financeiras, nem suporte para que os consigam realizar", concluiu.

Inês Ferreira é da Póvoa de Varzim, tem 21 anos e é mais uma estudante que se juntou à manifestação para apelar aos problemas de ser estudante deslocado. "Tenho colegas que não entraram no ensino superior porque não têm condições para arranjar habitação aqui no Grande Porto ou nos arredores", afirmou.

Sérgio Oliveira, de 22 anos, sente na pele o que é ser um estudante deslocado. Natural da Madeira, estuda na Universidade do Porto e apesar de "não estar mal, podia estar muito melhor". Alojado numa residência estudantil, admite receber ajuda da ação social mas diz que infelizmente "existe muita gente com dificuldades económicas que não tem o mesmo benefício só pelo facto de viverem mais próximo da faculdade".

Patrícia Figueiredo, de 42 anos, está a morar numa casa arrendada na baixa do Porto e conta que foi ameaçada de despejo porque o senhorio "queria aumentar a renda". A morar na mesma casa há 10 anos, paga em média 400 euros e a proposta do senhorio "era na ordem dos 650 euros". Questionado sobre a razão do aumento, o senhorio respondeu que era "só porque sim e porque o mercado assim o exigia".

"No meu caso em particular, eu e o meu marido temos mais possibilidade de mobilidade, mas há idosos de 60, 70 ou 80 anos que não têm essa capacidade e que acabam por ficar sozinhos ou são expulsos das casas em que moraram 40 ou 50 anos", acrescentou.

Também Paula Mota, de 33 anos, confessa a tristeza por não conseguir comprar casa e ter acesso ao crédito à habitação. "Recebo o salário mínimo, todas as condições de acesso ao crédito são complicadas e vivo numa casa alugada, onde me sinto aflita para pagar uma renda de 300 euros na zona de Gaia".

A manifestação terminou na praça D. João I, tendo passado em frente à Câmara do Porto, na Avenida dos Aliados. O protesto aconteceu em diversas cidades do país, pedindo diminuição do custo das rendas, mais apoios e até uma aposta nos prédios devolutos do Estado para alojar mais pessoas.

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