observador.ptObservador - 31 mar. 01:15

Portugal dos Tiraninhos, perdão, Portugal dos Pequeninos

Portugal dos Tiraninhos, perdão, Portugal dos Pequeninos

Há uma elite intelectual conservadora, mas democrática, que Scruton tão bem representou, que vê desvirtuadas as suas reflexões e propostas por arruaceiros ignorantes e corruptos como Trump e Bolsonaro

André Ventura, líder do Chega e da direita populista portuguesa, há uma semana, em conferência de imprensa, anunciou que pretendia trazer a CPAC [Conservative Political Action Coalition, em português Coligação da Acção Política Conservadora] para Portugal. Tornar-se-ia o anfitrião dos líderes das direitas populistas, e das direitas não democráticas europeias, norte e sul americanas. Informou haver convidado para tal evento Trump e a sua cópia de quinta categoria, Bolsonaro. Não sei se André Ventura ainda irá a tempo, mas a avaliar pela panóplia de convidados anunciados, falta Netanyahu e o rico filho – aliás, com os filhos de todos esses grandes homens, e a qualidade filial que os caracteriza, podiam fazer a CPAC dos Pequeninos.

A direita não democrática, de face mais populista ou mais extremista, que grassa na Europa como não a víamos desde há mais de 70 anos, não é órfã. E se em países como o Brasil, onde não há um presidente decente desde Fernando Henrique Cardoso, é fácil percebermos o movimento de reacção à corrupção da esquerda de Lula com a catástrofe bolsonarista, na Europa do século XXI torna-se mais difícil percebê-lo – falar dos esquecidos da globalização não é suficiente.

O que verdadeiramente me preocupa é não aprendermos com o passado. Mas tenho alguma esperança de que aprendamos com o povo ucraniano e com o povo israelita que, com a vida, uns, e na rua, os outros, defendem os valores civilizacionais que custaram séculos a levantar. Infelizmente, e também isto a história o demonstrou à saciedade, e tanto com a esquerda como com a direita, basta olhar para Maduro e Órban, o processo eleitoral democrático é, após conquistado o poder, progressivamente suspenso de forma clássica, desde o controlo dos media ao fim do Estado de direito, até que se torna quase impossível o derrube do regime autoritário. E volto a referir o que anteriormente afirmei: o elemento tecnológico, tecnologia como nunca tivemos, permitirá um controlo e manipulação profundos; o que hoje temos, e tanto estrago faz, é apenas um assomo do futuro.

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