visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 29 nov. 18:00

Visão | Preços das casas sem travão desde 2015

Visão | Preços das casas sem travão desde 2015

É um martírio nacional. Quem procura casa vê-se confrontado com um mercado de arrendamento disfuncional ou um contrarrelógio com a escalada do preço das casas, ambos a distanciarem-se cada vez mais dos rendimentos dos portugueses. Porque é que o mercado de habitação funciona tão mal em Portugal e que políticas públicas poderiam ajudá-lo?

Marta Castanheira estava na terceira casa em três anos, quando, no Natal de 2021, decidiu sair de Lisboa e ir morar para Azeitão com o marido e a filha de 2 anos. Pagava 850 euros por um T2 em Benfica. “Desistimos, ao fim de cerca de dois anos de procura de casa, porque já estávamos com dificuldades em encontrar uma que conseguíssemos pagar. É ridículo o que estão a pedir por uma renda”, conta a designer gráfica de 37 anos. Conseguiu comprar casa, beneficiando de preços mais baixos na freguesia de Setúbal e de poder estar em teletrabalho. Hoje, tem mais espaço e sossego, mas sente falta da família e perdeu a rede de apoio que tinha durante a semana. “Como lisboeta, senti-me um bocado posta na rua. Senti que não tinha hipótese de ter uma casa com alguma dignidade, face àquilo que são as minhas necessidades”, lamenta.

A história de Marta é a de muitos portugueses que procuram casa para comprar ou têm contratos de arrendamento de curta duração. Os inquilinos vivem na incerteza de saber se é nesta renovação de contrato que vão ser expulsos; quem ambiciona ser proprietário corre contra o tempo, procurando acumular poupanças para dar de entrada a um ritmo mais rápido do que o da subida dos preços. O mercado representa uma mistura explosiva entre escassez de oferta e procura em ebulição, sem que o Estado tenha capacidade de deitar água na fervura.

Catarina Martins
25 anos ­– Professora de Matemática

“Não tenho um espaço meu”

Nos últimos anos, já viveu em Sesimbra, na Amadora e, agora, conseguiu encontrar um quarto em Alcântara. Catarina Martins é professora e foi colocada na Escola de Dança do Conservatório Nacional. “Eu já nem sequer ponho a hipótese de arranjar uma casa em Lisboa. Eu vou mesmo à procura de um quarto”, quase sempre já acima dos 300 euros. Assume que começa a ser psicologicamente duro o constante desenraizamento. “A minha vida muda todos os anos. Não consigo fazer muitos planos, não tenho um espaço meu.”

NewsItem [
pubDate=2022-11-29 19:00:00.0
, url=https://visao.sapo.pt/atualidade/economia/2022-11-29-precos-das-casas-sem-travao-desde-2015/
, host=visao.sapo.pt
, wordCount=333
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2022_11_29_15739351_visao-precos-das-casas-sem-travao-desde-2015
, topics=[habitação, economia, arrendamento, preços]
, sections=[economia, actualidade]
, score=0.000000]