Observador - 29 nov. 00:11
Jogadores e cidadania dentro e fora dos campos
Jogadores e cidadania dentro e fora dos campos
Antes de ocuparem uma posição na equipa e serem figuras públicas, futebolistas são primeiro cidadãos e cidadãs e fazem muito bem em transmitir ao público o apoio a questões sociais.
O Mundial no Catar está rodeado de polémicas e controvérsias desde o momento em que foi anunciado pela FIFA, em 2010. Corrupção, ilegalidades e mortes de trabalhadores foram dos temas mais comentados sobre o campeonato nos últimos anos.
Mais recentemente, a polémica recaiu também sobre qual seria o posicionamento dos jogadores, das seleções e dos chefes de Estado frente às violações aos direitos humanos, características do país, e proibições absurdas impostas pela organização do Mundial, tendo como base o regime autoritário em que vivem. Portugal, por exemplo, vai estar bastante representado politicamente, o que gerou muita crítica ao governo.
No entanto, não é de longe a primeira vez que o maior campeonato de futebol é sediado por um país com regimes totalitários. O último Mundial, na Rússia, aconteceu durante a “pior crise de direitos humanos no país desde os tempos soviéticos” (até então, como é óbvio), segundo a Human Rights Watch. Na década de 70, a Argentina, sob uma dura ditadura militar, recebeu o campeonato, ainda que fosse viável trocar o local. Há quase noventa anos, a Itália do fascista de Mussolini negociou fortemente com a FIFA e também celebrou a vitória do país, tendo sido a taça entregue pelo próprio ditador. Em 2017, a FIFA adotou oficialmente uma política de direitos humanos, mas parece que continua a não passar muito de um documento com pouco efeito.
Líderes da entidade organizadora já admitiram anteriormente que “democracia demais” pode dificultar a organização do campeonato num país. Além disso, parece que há um interesse em especial de tais regimes de demonstrarem poder e tentarem incutir uma perceção positiva ao mundo, ao serem anfitriões do evento desportivo.
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