observador.ptObservador - 5 jul. 00:16

República dos bananas

República dos bananas

O Presidente da República foi enxovalhado por um ministro que veio à televisão dizer que não lhe deve satisfações. No dia seguinte, fica a saber que o ministro nem ao seu chefe deu satisfações.

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República dos bananas

  1. Pedro Nuno Santos tentou um truque, ou talvez não. O ministro que quer ser líder do PS sacou da cartola a decisão que o país espera há cinquenta anos. Era mal-amanhada e mal preparada, mas era uma decisão. Era, porque não chegou a ser. O Primeiro-ministro – verdade ou mentira – foi apanhado de surpresa e mandou o ministro recolher à boxe. O corajoso ministro pôs a violinha no saco e apareceu como um menino arrependido a pedir desculpa ao país. Antes, disse que não tinha satisfações a dar ao Presidente e muito menos ao PSD. No fim da história, apareceu um banana na televisão a pedir desculpa e a dizer que está muito arrependido.
  2. O Primeiro-ministro foi apanhado de surpresa – diz ele – pelo decreto que o seu ministro das infraestruturas acabara de publicar em Diário da República. Em vez de um telefonema ao ministro a dizer “Já não és ministro!”, mandou um comunicado para as redações a dizer que ia mandar retirar o despacho. Chegado a Lisboa, ou porque sabia da decisão e quis recuar, ou porque de facto não sabia, teve medo de deixar o Pedro Nuno à solta, fora do Governo, e preferiu ceder à pressão do ministro: “eu não me demito, demita-me você se tiver coragem!”. António Costa não teve coragem e deixou-o ficar. No fim da história, o Primeiro-ministro, banana, deixou que o país percebesse que tem medo do ministro Pedro Nuno.
  3. O Presidente da República foi apanhado de surpresa pelo anúncio de uma decisão que o país espera há cinquenta anos. Foi enxovalhado por um ministro qualquer que veio à televisão dizer com todas as letras que não lhe deve satisfações. No dia seguinte, fica a saber que o ministro nem ao seu chefe, o Primeiro-ministro, deu satisfações. Marcelo Rebelo de Sousa assistiu durante vinte e quatro horas a uma guerra de comadres com decisões e contra decisões sobre a decisão do novo aeroporto de Lisboa. Os oponentes eram nada mais nada menos do que o Primeiro-ministro e um dos seus ministros. No fim, o caso é encerrado com o ministro a dizer que fez maldades e promete não voltar a fazer. O Presidente passou por banana ao deixar que tudo ficasse na mesma depois deste episódio. Os portugueses esperam que um Presidente da República não deixe um qualquer ministro brincar com o país, seja ao fim de um dia, seja ao fim de três meses de Governo.

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