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As oportunidades da revolução open banking

As oportunidades da revolução open banking

A pandemia desencadeou uma disrupção sem precedentes e um nível de desordem global nunca vista desde a segunda guerra mundial. Para simplificar, sem a Internet, a economia global não teria sobrevivido à pandemia. Durante este período, os serviços financeiros estiveram na vanguarda da transformação de tudo, dos pagamentos à banca, ao comércio, ao mesmo tempo que as empresas mudavam ou aprofundavam a sua presença online.

No nosso último estudo 'A revolução do open banking', verificámos que a atitude dos executivos financeiros europeus reflete esta mudança, com um sentimento positivo em relação ao open banking a subir de pouco mais de metade (55%) em 2019 para 71% em 2021. Em Portugal este valor até quase que duplicou com o sentimento positivo entre os executivos financeiros a passar dos 33% em 2019 para os 60% em 2021. E o seu impacto não deve ser subestimado - 82,8% dos executivos financeiros também acreditam que o open banking está a causar uma revolução no setor.

Contudo deverá haver aqui um misto de incerteza e de confiança em partes iguais pois ainda não se sabe muito bem como será o futuro. Muitas instituições estão, hoje, a lutar para implementar iniciativas de open banking ao seu ritmo. Embora quase um quarto (23%) acredite que as suas instituições terão concluído os seus objetivos de open banking nos próximos cinco anos, a visão mais comum é que isto pode levar até uma década (39,9%) ou até mais (36,9%). Em Portugal, entre os executivos financeiros, 24% acreditam que as suas instituições irão precisar de mais de 10 anos, enquanto que 57% apontam um prazo entre 5 a 10 anos e 19% para um período inferior a 5 anos.

O certo é que as instituições que possam integrar o open banking em estratégias concretas vão estar na posição ideal para começar a perceber, mais cedo, os seus benefícios. Então, como podem as instituições financeiras adoptar melhor a revolução do open banking?


Foco nos casos de uso que melhoram a experiência do cliente

Nunca houve melhor momento do que o presente para as empresas adoptarem estratégias de open banking para além dos esforços de compliance. Com esta oportunidade em mãos, o risco de fazerem o mínimo poderá talvez ser ainda maior do que o risco de experimentarem, fracassarem e tentarem novamente. As melhorias na operação bancária através de APIs externas podem optimizar as ofertas de produtos existentes e esta é a direção mais segura e estratégica que uma instituição financeira pode seguir para além do compliance.

Os prestadores de serviços de serviços de pagamento (TPPs) continuam a desempenhar um papel crucial nesta área - muitos desenvolveram soluções especializadas para os micro segmentos da jornada do cliente, desde a aquisição até a fidelização. Eles podem, por isso, proporcionar uma ampla inspiração para bancos que procuram adoptar o open banking e fortalecer a experiência do cliente, seja isto feito de forma autónoma ou a trabalhar com parceiros tecnológicos.

Pare de procurar a killer app

Já o referi várias vezes em fóruns da indústria e vou repeti-lo de novo: a killer app que irá provocar a disrupção na indústria tal como a conhecemos não existe - não perca tempo a procurá-la. A killer app que impulsionará a adoção de casos de uso de open banking não será uma aplicação mas sim os serviços que irão permitir jornadas de autenticação forte e intuitiva para o cliente.

Usar o open banking para a reinvenção de um processo ou o lançamento de um novo produto pode ser arriscado e não deverá ser a primeira opção para os executivos financeiros que olham para esta revolução. Casos de uso experimentados e testados, como por exemplo processos de onboarding automatizados, verificação de rendimentos e gestão de finanças pessoais, já provaram que ajudam a acelerar e a agilizar os processos de tomada de decisão, análise de risco e verificação de ativos e passivos.

Tirar partido destes casos de uso irá assim garantir que as empresas conseguem desbloquear maior valor, antes de procurarem casos de uso mais arriscados e longos e que têm um tempo de espera e de maturação mais longo para as empresas poderem colher os frutos destas apostas.

Envolva-se com parceiros inteligentes para acelerar as capacidades de open banking

Instituições financeiras e fintechs embarcaram na jornada do open banking de mãos dadas e já alcançaram imenso progresso. No entanto, não é garantido que a indústria vai continuar na mesma linha. É por isso que as instituições devem continuar a fazer parcerias com fintechs especializadas em vez de procurarem apenas desenvolver internamente novas competências.

Estas parcerias podem desempenhar um papel estratégico para ambos os parceiros, por isso é importante que sejam feitas da forma certa. Um potencial parceiro de tecnologia deverá ser cuidadosamente escrutinado para garantir que ele pode ser integrado de maneira simples e segura.

Os valores centrais do open banking do fortalecimento da opção de escolha, a concorrência e a inovação democratizando o acesso à informação nos serviços financeiros são agora algo que a indústria de serviços financeiros começou a abraçar com as duas mãos - seja ela por uma questão de necessidade ou por outra qualquer. Nas próximas décadas, é seguro assumir que estas conversas irão continuar e que a questão das finanças abertas e dos dados abertos irão tornar-se ainda mais atuais - criando um vento favorável para o open banking e para a inovação.

Ainda estamos no início desta viagem aberta. As instituições melhor preparadas para prosperar serão aquelas que forem capazes de traduzir a oportunidade do open banking numa estratégia concreta. Só então terá havido uma revolução bem-sucedida.

(Nota: o autor escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico)

Ricardo Francisco, Market Lead da Tink Portugal

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