www.jn.ptjn.pt - 5 dez. 00:01

E pica a Marinha

E pica a Marinha

Depois do Movimento Médicos pela Verdade, dos Juristas pela Verdade, dos Jornalistas pela Verdade, eis que surge o novo movimento Militares pela Verdade.

Como contribuinte, é inevitável não sentir pena por, dentro de tantos movimentos de áreas da sociedade, ainda não haver um único Movimento Técnicos Oficiais de Contas pela Verdade, que duvidam que os impostos apresentados pelo Governo fazem mal à saúde e que são um plano para nos aniquilar.

Pessoalmente, em relação a movimentos militares, conheço pouco, mas confesso-me grande fã do Movimento das Forças Armadas, pelo seu trabalho pelo mês de Abril de 1974. Por isso, fiquei expectante quando ouvi falar do MMV.

Depois de ler umas quantas notícias, andei a tentar pesquisar mais sobre o grupo, porque fiquei sem perceber bem em que consiste. Conclui que nem os próprios jornalistas conseguiram informar, o que me leva a crer que se trata de uma missão secreta. Como é Pela Verdade, não sei se terá uma essência negacionista como todos os outros movimentos que se apresentaram até aqui. E eu não quero estar aqui a duvidar das teorias dos movimentos Pela Verdade e a sua veracidade, mas a realidade é que nem os Irmãos Verdade são irmãos de verdade. É um engodo.

Não encontrei informação sobre este grupo, mas encontrei alguns artigos sobre a covid e forças armadas, que me suscitaram alguma perplexidade. Parece que a percentagem de militares no ativo que recusou a vacina está bastante acima da média nacional e, no caso da Armada, esta está cinco vezes acima da média nacional. É esquisito que um país inteiro aplauda a ação de um vice-almirante quando a própria Armada diz "Na, nem penses, ó Gouveia e Melo. Neste bracinho, só uma tatuagem feita com recurso à carga de uma caneta Bic e uma agulha da costura". É como diz o ditado: "em casa de ferreiro, não espetas um cara%&!".

Na Marinha, especificamente, foram detetados dois surtos em navios, nos últimos meses. E fala-se que 10% do efetivo não quis tomar a vacina. Ainda no outro dia, a Marinha anunciou um novo surto de covid-19 na fragata Corte-Real, integrada na Força Naval Permanente n.o 1 da NATO, que estava atracada na Suécia. Torna-se complicado ter pessoal destacado que aceita ir para zonas de conflito em missões da NATO, sujeitos a levar com balas de canhão e que a uma pica diga NATOmo! NATOmo!

Segundo o Estado-Maior-General das Forças Armadas, a situação "não teve impacto na continuidade da missão", mas de acordo com uma fonte que está a acompanhar o caso, os infetados estão a dormir ao relento no hangar do navio, a viajar da Suécia para a Noruega, com temperaturas de vários graus abaixo de zero.

À primeira vista, isto pode parecer um plano parvo, porque uma pessoa que está infetada com o vírus precisa é de uma manta, chá e ben-u-rons. Mas se pensarmos bem, isto é inteligente. O bicho pega nas suas malinhas, a pensar que vai passar belos tempos num barquinho, e quando dá por ela, pumba, fica feito num Leonardo DiCaprio no "Titanic".

*Humorista

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