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Visão | Ómicron pode ter "apanhado" pelo menos uma das suas mutações a partir do material genético de um dos vírus que causam as constipações comuns

Visão | Ómicron pode ter "apanhado" pelo menos uma das suas mutações a partir do material genético de um dos vírus que causam as constipações comuns

Isto explicaria a aparente facilidade em escapar ao sistema imunitário e o que parece ser uma ds suas características: provocar apenas doença ligeira ou pouco grave ou mesmo assintomática

Ainda sem revisão pelos pares, um novo estudo, publicado na última quinta-feira no site OSF Preprints por uma equipa de investigadores da nference, uma empresa americana especialista em dados biomédicos, avança a possibilidade de a variante Ómicron do SARS-CoV-2 ter adquirido pelo menos uma das suas mutações a partir do material genético de outro vírus, possivelmente de um dos responsáveis pelas constipações comuns.

A teoria nasceu da descoberta deste material genético nas células infetadas com esta variante, uma sequência que não aparecia em nenhuma das versões anteriores do coronavírus mas que é comum em muitos outros vírus e mesmo no genoma humano. Ao “apanhar” este fragmento, a Ómicron pode, assim, ter maior facilidade em iludir o sistema imunitário, explica Venky Soundararajan, que liderou o estudo.

Este “disfarce” também pode ajudar o coronavírus a transmitir-se mais facilmente, embora só provocando doença leve ou assintomática.

Por enquanto, os cientistas não sabem se esta nova variante é mais transmissível que as anteriores, se pode ter efeitos mais graves ou se poderá tornar-se dominante em relação à predominante Delta. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) já fez saber que demorará uma a três semanas para interpretar os dados científicos que estão a ser recolhidos em torno da Ómicron, nomeadamente sobre a eficácia das vacinas.

Estudos anteriores mostraram que as células dos pulmões e do sistema gastrointestinal podem ser afetadas, simultaneamente, pelo SARS-CoV-2 e pelos coronavírus que não são responsáveis pela Covid-19, mas que provocam constipações comuns. Esta co-infeção cria o cenário para a recombinação viral, um processo em que dois tipos diferentes de vírus na mesma célula fazem cópias de si próprios, gerando novas cópias com material genéticos de ambos.

Esta sequência genética aparece muitas vezes no HCoV-229E, um dos tais coronavírus que causa as constipações, e também no VIH, que enfraquece o sistema imunitário e torna o portador mais vulnerável a infeções por outros vírus. Tendo a Ómicron sido identificada pela primeira na África do Sul, que tem umas das taxas de infeção por VIH mais altas do mundo, faz sentido a teoria da recombinação que fez nascer a nova variante.

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