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Visão | Beber álcool está fora de moda. A nova tendência é a sobriedade consciente

Visão | Beber álcool está fora de moda. A nova tendência é a sobriedade consciente

Ao mesmo tempo que vários estudos científicos apontam para que só a abstinência é a medida certa para beber álcool, aumenta a tendência das pessoas que se instalam numa sobriedade consciente

O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências concluiu, depois de um inquérito sobre Comportamentos Aditivos em Tempos de Covid-19, que o consumo diário ou quase diário de álcool entre os portugueses tinha passado de 12% para 25 por cento. No entanto, apesar de haver 21% dos inquiridos a assumir que passaram a beber mais, 42% diminuíram a quantidade. Esta não é uma exclusividade nacional. Quando o mundo parou, fez com que muitos se detivessem numa introspeção, abrandando o ritmo e adotando hábitos mais saudáveis, na comida e na bebida.

Ao mesmo tempo, os estudos internacionais das mais prestigiadas universidades apontam para a abstinência como o único caminho para uma vida mais longa e longe de doenças. Já nem o copo de vinho tinto à refeição tem desculpa científica. No entanto, todos reconhecem a importância da convivialidade que os brindes permitem.

A brasileira Fran Zolin, 39 anos, era gestora de projetos, a viver em Londres num ritmo alucinante de trabalho e copos – work hard, play hard. Quando, em 2020, conheceu a sua conterrânea Nadja Baldaconi, 36 anos, gestora de marketing na capital inglesa, aproximou-se do movimento mindful drinking, que era o que a posição em que a nova amiga estava.

Hoje, Nadja bebe com parcimónia e temperança, em ocasiões sociais e podem passar-se meses sem que isso aconteça. Fran radicalizou-se e não toca em álcool há “um ano e um mês”, sem que tenha tido indicação médica para o fazer. Ambas são preocupadas com a alimentação, com a qualidade do que ingerem para dentro do corpo. A questão das bebidas alcoólicas foi apenas mais um passo nesse sentido. Quem adere a este estilo de vida, não tem problemas de alcoolismo. A sobriedade é voluntária e consciente.

GARRAFEIRA SEM ÁLCOOL

Nadja e Fran não estão sozinhas neste mundo do slow drinking, do sober curious ou do mindful drinking. Estes movimentos começaram a nascer em 2014, quando se criou o Dry January, para diminuir o impacto dos excessos do Natal. Depois, ganhou raízes com o livro Sober Curious, da autora Ruby Warrington, lançado em 2018. Em 2019, a indústria de bebidas deu por estas movimentações e passou a investir em produtos sem álcool lançando muitas bebidas novas. A pandemia veio dar a estucada final e empurrou alguns de nós para este tipo de sobriedade. “A tendência é gigantesca no Reino Unido e nos Estados Unidos. O norte da Europa também já vai dando uns passos nesse sentido”, assegura Fran.

Foi por isso que as duas amigas decidiram deixar Inglaterra e vir para Portugal dinamizar este movimento, criando uma garrafeira online, com uma carta selecionada de produtos, com preços de €2,75 (cerveja) a €32,75 (bebidas premium). Mas também há espirituosas, vinho, cidras, licores, aperol… Tudo importado, porque a dupla de amigas ainda anda a estimular os produtores portugueses para se adaptarem a esta realidade. “Abrimos a loja há uma semana e a receção tem sido muito boa”, garante Nadja.

Ao ser tudo importado, as donas da The Other Bottle sentiram necessidade de compensar a pegada carbónica. Estão associadas à ONG Tree Nation – por cada produto vendido, planta-se uma árvore. Por outro lado, através da Carbon Checkout, o consumidor contribui e investe em energia verde.

Com esta oferta, estão a alargar o leque de clientes, a grávidas, lactantes, desportistas ou simplesmente a quem decide não beber, sem perder o lado convivial. “A felicidade que sentimos vem da degustação de algo complexo, com amigos e família, não do álcool. Podemos assegurar que as nossas bebidas são bem gostosas”, explica Fran, com aquele sotaque brasileiro irresistível e logo após ter dado mais um gole no copo de água.

Por cá, sabe-se que a José Maria da Fonseca já lançou um vinho sem álcool (0%riginal), há alguns restaurantes – mais alternativos – que optam por não ter álcool nas suas ementas, além de existirem várias marcas de cerveja a disponibilizar opções zero por cento. Estamos no bom caminho, diriam os adeptos do consumo consciente.

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