expresso.ptMiguel Sousa Tavares - 23 mai. 22:57

O incómodo dos factos

O incómodo dos factos

Quando a troika cá chegou, Passos Coelho tinha entre mãos uma opção e uma oportunidade histórica: cortar de forma permanente e definitiva no “monstro” que nos havia levado à falência ou fazer pagar todos pela falência a que ele nos havia levado. Escolheu a segunda opção

O estudo económico apresentado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre as consequências de uma eventual baixa significativa do IRC das empresas é simultaneamente útil e inútil. Útil porque vem aportar rigor técnico àquilo que o senso comum já concluíra por si; inútil porque não servirá para inverter, nem sequer para fazer reflectir, a doutrina instalada da bondade de uma alta carga fiscal sobre a produção de riqueza — um credo cultivado por economistas próximos da extrema-esquerda, com audição privilegiada na nossa imprensa. Em suma, o que o estudo diz é que baixar de forma assertiva, e não apenas cosmética, o IRC sobre as empresas produziria resultados imediatos e duradouros na economia, conduzindo a um aumento da riqueza, crescimento do PIB nacional, melhoria dos salários dos trabalhadores e, por via disso, mais consumo interno: um círculo virtuoso. Em maior ou menor grau, trata-se da receita irlandesa, cujos resultados estão à vista, para poderem ser invejados ou desdenhados, e que no fundo se traduz na horrível proposta liberal: menos dinheiro nas mãos do Estado significa mais dinheiro a circular na economia e nas mãos das pessoas. Maior capacidade de decisão empresarial, maior liberdade individual.

Já é Subscritor? Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler
NewsItem [
pubDate=2024-05-23 23:57:00.0
, url=https://expresso.pt/opiniao/2024-05-23-o-incomodo-dos-factos-704dfdab
, host=expresso.pt
, wordCount=210
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2024_05_23_982643625_o-incomodo-dos-factos
, topics=[opinião]
, sections=[opiniao]
, score=0.000000]