expresso.ptexpresso.pt - 26 abr. 18:12

Custos com habitação crescem mais do que a inflação desde que juros começaram a subir

Custos com habitação crescem mais do que a inflação desde que juros começaram a subir

Uma análise do BCE a 11 países da zona euro mostra que os custos com habitação cresceram mais de 10% desde julho de 2022, mas a inflação acumulada apenas cresceu 5,5%. Quem tem menos rendimentos está mais vulnerável ao aumento dos custos

Os custos com habitação têm vindo a aumentar desde julho de 2022, à boleia da subida dos juros. Subiram, inclusive, a um ritmo superior que o da inflação e quem sofre mais com estas variações é quem ganha menos, mostra um estudo elaborado pelo Banco Central Europeu (BCE).

Segundo o Inquérito às Expectativas dos Consumidores do BCE, que abrangeu 11 países da zona euro, incluindo Portugal, a média dos custos totais mensais com habitação (onde se incluem juros, renda, manutenção e serviços públicos) cresceu 10,2% (a nível acumulado), para 765 euros por mês, entre julho de 2022 e janeiro de 2024.

Recorde-se que, julho de 2022 ficou marcado pela primeira subida das taxas de juro na zona euro, após um longo período de taxas de juro negativas, numa tentativa de controlar a inflação. Porém, entre julho de 2022, a inflação acumulada aumentou cerca de metade dos custos totais com habitação, cresceu 5,5%.

E o aumento dos custos não foi igual para todos, prejudicando mais aqueles que não são proprietários e os que têm menores rendimentos (que se sobrepõem, em muitos casos).

Para os proprietários com a casa já paga (sem empréstimo em vigor), os custos globais com habitação subiram 6% (no fundo, referindo-se apenas aos serviços públicos e de manutenção da casa). Contudo, para quem arrenda casa os custos aumentaram 9% e para quem está a pagar a casa ao banco através dos créditos à habitação os custos subiram 12%. No caso daqueles que arrendam, os custos subiram devido ao aumento geral do valor das rendas, e para quem paga a casa ao banco o principal culpado é a subida dos juros.

O BCE reconhece que a situação é pior para os países que costumam ter muitos créditos com taxa variável, como em Portugal (antes da subida dos juros cerca 90% dos créditos à habitação eram com taxa variável), ainda que o BCE apenas dê o exemplo de Itália e Espanha.

Menos rendimentos, mais custos

As conclusões do BCE mostram ainda que os custos com habitação representam cerca de 20% do rendimento disponível para quem já tem casa paga, 40% para quem arrenda e 35% para quem ainda está a pagar o seu empréstimo. No entanto, há grandes diferenças consoante o nível de rendimentos da família.

“No quintil de rendimento mais baixo [ou seja entre os 20% que menos rendimentos têm], mais de 60% dos agregados familiares estão sobrecarregados [com os custos de habitação] e, em particular, os agregados familiares arrendatários”, indica o banco central. A percentagem baixa para 45% no segundo quintil e 20% no terceiro.

“Curiosamente, a percentagem de famílias sobrecarregadas no quarto quintil de rendimento é mais elevada do que no terceiro”, nota o BCE, indicando que tal se deve a quem tem um crédito para comprar casa, podendo “refletir o facto de que, no ambiente de taxas de juro baixas do passado, estas famílias contraíram uma dívida hipotecária desproporcionalmente maior em relação aos seus rendimentos”.

Os elevados custos podem levar a um aumento dos atrasos no pagamento das rendas, da mensalidade da dívida contraída ou até dos serviços públicos. No primeiro trimestre de 2024, a proporção de famílias que esperava ter pagamentos em atraso de rendas ou serviços subiu para mais de 20% (15% no mesmo período de 2023) e para mais de 30% no caso dos pagamentos da hipoteca.

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