expresso.ptexpresso.pt - 26 abr. 16:47

Em véspera de saída, a administração da SATA recomenda suspensão da privatização da sua subsidiária Azores Airlines

Em véspera de saída, a administração da SATA recomenda suspensão da privatização da sua subsidiária Azores Airlines

A idoneidade do candidato único à privatização e sua falta de músculo financeiro, a par da necessidade de uma reavaliação da Azores Airlines depois da melhoria das contas de 2023 levaram a administração da SATA a recomendar que o Governo Regional dos Açores não prossiga com o atual processo de privatização

Depois de o júri ter levantado reservas sobre a capacidade financeira do candidato único à compra da Azores Airlines, o consórcio Newtour/MS Aviation, a administração SATA, ainda presidida por Teresa Gonçalves, fez um relatório sobre o processo, onde terá dado deixado a opinião de que o processo de venda não deveria avançar.

A administração da companhia considera não só que se levantam dúvidas sobre a qualidade do candidato, como também o valor da Azores Airlines deve ser revisto, depois dos resultados da companhia aérea açoreana de 2023, melhores que os de 2022, que serviram de base à avaliação da empresa. A Azores AIrlines registou um prejuízo de 24,3 milhões de euros em 2023, uma melhoria de 8,1 milhões de euros face ao resultado do ano anterior (menos 32,4 milhões de euros).

A informação de que administração da SATA terá recomendado que a privatização da Azores Airlines não se concluisse foi avançada pela Antena 1 Açores. O Expresso questionou a administração da companhia sobre as conclusões do relatório mas para já a gestão da SATA não quer fazer qualquer comentário.

Entretanto Teresa Gonçalves, e o administrador financeiro, Dinis Modesto, saem no final de abrill, deixando o dossiê da privatização nas mãos do governo regional, que até ao momento não se pronunciou. Quando foi anunciada a demissão de Teresa Gonçalves, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, não esclareceu se o processo de privatização irá ou não ser suspenso, remetendo para o futuro parecer da administração.

Garantiu, todavia, na altura que o relatório do júri foi feito com isenção e sem interferência política, e que a lei será cumprida. "Este Governo fará tudo pela transparência e sobretudo pela isenção", afirmou em declarações à Antena 1 Açores. Defendeu ainda a independência do júri e sublinhou que não haverá qualquer interferência política neste dossiê.

Um candidato que levanta reservas

O relatório final do júri que avaliou as ofertas à compra da subsidiária da SATA que faz os voos extra-ilhas, e que foi liderado por Augusto Mateus, já tinha recomendado que fosse equacionado o avanço da privatização, um compromisso assumido no âmbito do plano de reestruturação da companhia açoriana.

O júri levantou reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour/MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia, leva fontes conhecedoras do processo a admitir ao Expresso que o desgaste provocado por este processo terá tido um contributo decisivo para o pedido de demissão. O consórcio Newtour/MS Aviation foi avaliado em 46,9 pontos em 100, abaixo de metade da média. E o júri alertou para a necessidade de existir "força financeira" para cumprir as exigências do caderno de encargos da privatização, o que tudo aponta não seja o caso do concorrente.

Entretanto depois do relatório final do júri, foi noticiado que a companhia aérea angolana BestFly World Wide, acionista maioritária da Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) e acionista da MS Aviation, anunciou que ia deixar Cabo Verde e culpou dessa decisão o “ambiente de negócios tóxico e punitivo”, criticando a forma como foi tratada pelas autoridades.

Com sede na Áustria, a MS Aviation passou a ser detida pela Bestfly em maio de 2023, uma companhia angolana fundada e dirigida por Nuno Pereira e Alcinda Pereira. Segundo a Lusa, Bestfly, que detinha a concessão dos voos interilhas em Cabo Verde, viu os serviços deteriorar-se por falta de aviões, a que levou à suspensão dos voos no início do mês.

Sindicatos contra

A SATA é a maior empresa dos Açores e um dos principais empregadores da região. E o sindicatos da aviação, tanto o SITAVA, como o SPAC têm-se manifestado contra a privatização da Azores Airlines, e alertado para a fragilidade do concorrente.

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) pediu ao Governo Regional dos Açores para que "pare imediatamente" a privatização da Azores Airlines. Ao jornal online Eco, o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) tinha já defendido na semana passada que a administração da SATA desse um parecer negativo à privatização da Azores Airlines, considerando que o consórcio Newtour/MS Aviation não tem credibilidade e tem “lacunas reputacionais”.

A SATA recebeu uma ajuda pública de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais. Em 2022, a Azores Airlines registou um prejuízo de 24,3 milhões. Não é a primeira vez que o governo regional tenta privatizar a Azores Airlines.

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