ionline.sapo.ptionline.sapo.pt - 25 abr. 19:51

Will Graham. A história do neto do 'Pastor da América' que reunirá mais de 4 mil pessoas no Porto

Will Graham. A história do neto do 'Pastor da América' que reunirá mais de 4 mil pessoas no Porto

O ADN não chegou ao Parlamento, mas a influência evangélica não deixou de ser notada. Já o Chega elegeu os evangélicos Pedro Correia, que foi pastor auxiliar em Rio Maior, e Daniel Teixeira, da Igreja do Evangelho Quadrangular. A um dia da 'Celebração da Esperança', no Porto, o i e o SOL falam com Will Graham.

O partido Alternativa Democrática Nacional (ADN) alcançou um crescimento significativo de 900% em relação a 2022, o que gerou especulação sobre se esse aumento foi impulsionado pelos evangélicos. Houve uma associação do partido com questões religiosas, e políticos evangélicos bolsonaristas fizeram apelos para que as pessoas votassem neste partido. No entanto, embora alguns evangélicos possam ter sido influenciados, a Aliança Evangélica Portuguesa (AEP) enfatizou a sua neutralidade política e recusou associações partidárias. Apesar de não representar todos os evangélicos, a AEP é uma organização significativa que congrega muitas igrejas. Em declarações ao Público, alguns líderes evangélicos rejeitaram associações políticas, destacando a diversidade de opiniões dentro da comunidade evangélica. Expressaram preocupação com tentativas de aproveitamento político-religioso por parte de certos partidos. Embora seja difícil determinar a extensão do apoio dos evangélicos ao ADN, sugeriram que o crescimento do partido pode ter sido impulsionado pela confusão com outras siglas e pela imigração brasileira, em vez de uma mobilização evangélica direta. Assumem que questões como o aborto e a eutanásia podem ser pontos de convergência entre os partidos mais conservadores e setores evangélicos, mas explicam que é importante reconhecer a diversidade de opiniões dentro da comunidade evangélica e evitar generalizações.

De acordo com um estudo divulgado pela Aliança Evangélica Portuguesa (AEP), a participação em cultos evangélicos em Portugal tem aumentado nos últimos anos, com um crescimento expressivo no período pós-pandemia. O estudo, baseado em inquéritos online realizados a 350 líderes de igrejas evangélicas entre fevereiro e março do ano passado, revela que 42% das igrejas têm uma assistência de 75 pessoas ou mais e 82% dos pastores afirmam que as suas igrejas estão a crescer. Mais da metade (53%) das igrejas relatam um aumento na assistência após a pandemia e muitos líderes destacam a inadequação das instalações como uma preocupação principal. As regiões de Lisboa, Porto e Setúbal são as mais visadas para a instalação de novas igrejas, enquanto Beja, Castelo Branco e Guarda são menos mencionadas. Desde 2020, Setúbal, Lisboa, Braga e Viana do Castelo têm visto o estabelecimento de mais igrejas evangélicas. Quanto aos pastores, a maioria (54,8%) é portuguesa, enquanto 38,1% vêm do Brasil. Os fiéis estrangeiros, na sua maioria brasileiros, compõem 81,6% das congregações evangélicas. O crescimento significativo no número de fiéis e pastores brasileiros é atribuído ao alto número de evangélicos no Brasil e à migração de brasileiros para Portugal. A AEP representa mais de 700 comunidades cristãs em Portugal, totalizando cerca de meio milhão de fiéis em cerca de 2.000 salas de culto. Embora os evangélicos e protestantes representem 2,1% da população, a maioria continua a ser católica, com 80,2% de acordo com o Censo de 2021.

Aos 49 anos, Will Graham sempre esteve ligado à religião. Neto de Billy Graham - considerado o 'Pastor da América' e conselheiro de vários Presidentes dos EUA, que morreu em fevereiro de 2018 - e filho mais velho de Franklin Graham, é o terceiro Graham na Associação Evangélica Billy Graham (BGEA), sendo presidente executivo da mesma. Em Portugal para um evento que reunirá mais de 4 mil pessoas, conversou com o i e o SOL sobre este tema e o seu percurso. Relativamente à "colagem" da Igreja Evangélica aos partidos de direita, deixou claro que não conhece os partidos portugueses e, portanto, prefere não fazer comentários por não dominar o assunto. "Eu sabia que o meu avô era o Billy Graham, mas não sabia o que 'Billy Graham' significava. Chamávamos-lhe 'Daddy Bill'. Eu e os outros 18 netos. Acho que a primeira vez em que me apercebi do quão importante era o meu avô foi na escola primária. A minha professora colocou as mãos nos meus ombros e disse 'Este é o neto do Billy Graham' e eu questionei-me acerca da forma como sabia isso", sublinha. Relativamente à eventual pressão que possa ter sentido por "carregar" o legado do avô e do pai, Will esclarece que nunca foi pressionado. Ao contrário do seu pai que, assim que nasceu, recebeu cartas de pessoas que esperavam que ele fosse ainda melhor do que o pai. Deste modo, enquanto crescia, o pai protegeu-o, mesmo até durante o Ensino Superior, dizendo que teriam de falar com ele antes de conversarem com Will sobre o percurso dele na Igreja Evangélica.

Mas antes desses anos de faculdade, Will entendeu que era um "mau menino". "Roubava doces, mentia... Enfim, não era um bom menino. Então, aos 15 anos, ajoelhei-me e disse 'Senhor, farei tudo o que Tu quiseres que eu faça'. E a minha vida mudou", garante, sendo que durante a licenciatura e o mestrado fez a vida que sempre fez. "Deitava-me às 21h. Os meus colegas queriam ir comer gelados ou donuts e eu dizia que fossem sem mim. Quando estava no primeiro ano, conheci aquela que viria a ser a minha esposa. Pensava que ela tinha namorado mas, afinal, já tinham terminado o relacionamento. Só que eu estava à procura de uma mulher e não apenas de uma namorada e sentia que ela não estava preparada. No entanto, quando regressámos das férias de verão, tudo mudou e começámos a namorar", conta, dizendo que ele e Kendra estão casados há 26 anos e têm duas filhas e um filho. Que, assim que souberam que Will viria a Portugal, pediram-lhe camisolas do Futebol Clube do Porto (FCP) por praticarem esta modalidade e adorarem-na. "Não sei quanto é que vão custar [risos], mas sei que lhes vou dar as camisolas livremente. Mas eles têm de as aceitar. Foi isso que me aconteceu com a fé. Deus entregou-ma e eu aceitei-a", continua, adiantando que "temos de estar prontos para recebê-la".

Will Graham narra a sua transição da posição de estagiário pastoral na Igreja Bay Leaf, em North Raleigh, para o papel de líder na fundação da Igreja Batista Wakefield. Inicialmente, partilhavam responsabilidades de pregação num esquema rotativo, mas pouco tempo depois foi-lhe solicitado que liderasse mais cultos, até assumir todas as responsabilidades pastorais. Embora tenha sido chamado pastor e nomeado como tal, a nomeação não foi por meio de eleição formal. Apesar disso, Will acabou por administrar a igreja. Will descreve a sua experiência de liderança pastoral durante seis anos na Igreja Batista Wakefield antes de embarcar num ministério mais amplo. Durante esse tempo, também esteve envolvido em funções pastorais por oito anos no total. Em 2003, a igreja mudou de instalações, passando de uma escola secundária para um local de aluguer mais permanente. 

O líder evangélico partilha como recebeu um telefonema de Sean Campbell, que liderava o escritório canadiano da BGEA, em 2004. Sean propôs a Will a ideia de uma nova iniciativa para jovens, na qual seriam treinados para partilhar a sua fé e convidar amigos para eventos evangélicos. Embora inicialmente relutante, Will concordou. Pregou pela primeira vez com a Associação naquele outono e continuou a fazê-lo algumas vezes por ano, mesmo enquanto pastoreava uma igreja a tempo integral. Em 2005, após um desses eventos, Will foi abordado por pessoas interessadas em realizar um evento semelhante na sua comunidade no Canadá, mas queriam que fosse uma celebração de três dias para todas as idades. Will concordou em liderar esse evento, que ocorreu em Leduc, Alberta, Canadá, na primavera de 2006. Pouco depois, em abril de 2006, Will sentiu um "chamamento de Deus" para deixar a igreja onde havia pastoreado por oito anos. Partiu em julho de 2006, mas ainda sente saudades e espera um dia poder voltar. Para além disso, a sua primeira celebração em solo norte-americano aconteceu em Gastonia, Carolina do Norte. Desde então, realizou eventos na Austrália, Canadá, Inglaterra, Tanzânia, Índia, Roménia, Filipinas, Tailândia, Japão, Escócia, Sri Lanka, Uganda, Papua Nova Guiné, Quénia, México, muitos estados norte-americanos e chega agora a Portugal.

E como é que Will Graham verá o futuro? Em 2018, por exemplo, desempenhou o papel do seu avô Billy Graham no filme Unbroken: Path to Redemption. No mesmo ano, publicou Redeemed: Devotions for a Longing Soul, um livro devocional, que apresenta histórias centradas no poder de mudança de vida de um relacionamento com Deus. "Espero poder continuar a fazer aquilo que faço", conclui, sendo que esta sexta-feira liderará o evento 'Celebração da Esperança', na Super Bock Arena, no Porto. "Ela contará com uma mensagem de esperança do evangelista Will Graham e um concerto gratuito dos principais artistas cristãos. Igrejas da cidade do Porto e de toda a região Norte estão a trabalhar em conjunto a fim de acolher esta ação especial para a comunidade", lê-se no site da Associação online.

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