expresso.pt - 25 abr. 10:00
António Simões: “Salazar nunca gostou de futebol; nem sabia o nome dos jogadores, até confundiu o Eusébio com o Coluna”
António Simões: “Salazar nunca gostou de futebol; nem sabia o nome dos jogadores, até confundiu o Eusébio com o Coluna”
António Simões é um dos grandes nomes do Benfica e do futebol português. Conquistou uma Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões) ao lado de Eusébio, na época 1961/62, e fez parte da seleção que atingiu as meias-finais do Mundial de 1966, em Inglaterra. Boa parte da sua carreira em Portugal aconteceu durante o Estado Novo. Diz que António Oliveira Salazar nunca gostou de futebol, nem sequer era adepto, e que a ditadura apenas usou os sucessos desportivos para tentar limpar a má imagem internacional do país. Ouça o novo episódio de Ontem Já Era Tarde
“Os jogadores nunca quiseram servir o regime, mas o regime serviu-se de nós e do nosso sucesso. Visitei 84 países. Em muitos deles, Portugal era um país ostracizado por causa da Guerra Colonial. O 25 de Abril foi fundamental para a democracia e liberdade, mas a parte mais importante foi o fim de uma guerra que estava a mutilar uma geração num confronto patético e estúpido.” No meio da ditadura e da ausência de direitos, Simões lutou pela criação do Sindicato dos Jogadores mesmo com a permanente ameaça do Estado Novo: “Coloquei-me em perigo, fui avisado pela PIDE quando disse que os jogadores não tinham quaisquer direitos, mas fazia tudo outra vez.” O antigo jogador desmonta também o mito de que Eusébio foi tornado “património nacional” por Salazar para que não saísse de Portugal quando teve uma proposta do Inter: “Não houve qualquer influência do governo. O Benfica é que não quis negociar porque o presidente da época sabia que iria ter um problema com os adeptos se o Eusébio saísse. Salazar nada teve a ver com isso. Depois do Mundial de 1966, quando fomos recebidos como heróis, ele nem conhecia os jogadores. Até confundiu o Eusébio com o Coluna.”
O futebol é o ponto de partida nestas conversas sem fronteiras ou destino agendado. Todas as semanas, sempre à quinta-feira, Luís Aguilar entra em campo com um convidado diferente. O jogo começa agora porque Ontem Já Era Tarde.
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