expresso.ptVítor Virgínia - 24 abr. 17:07

Vacinação: uma semana, todos os dias, toda a vida.

Vacinação: uma semana, todos os dias, toda a vida.

Permitir às empresas farmacêuticas a necessária previsibilidade na complexa produção e distribuição de vacinas, é fundamental para o continuado sucesso do Plano Nacional de Vacinação, pois sem vacinas não há vacinação.

Quando se assinala a Semana Europeia da Vacinação, é forçoso lembrar que a vacinação é uma das maiores conquistas da ciência, da medicina moderna e da existência humana, sendo responsável por salvar, segundo a OMS entre 4 e 5 milhões de vidas a cada ano. A vacinação é também considerada uma das ferramentas, não só mais eficazes, como também com melhor relação custo-benefício na prevenção de doenças graves e muitas vezes fatais.

Se hoje vivemos mais e envelhecemos melhor, é também às vacinas que o devemos, pois com exceção da água potável, nada contribuiu tanto quanto a vacinação para a redução da mortalidade e o crescimento da população, nem mesmo a descoberta dos antibióticos.

Mais de dois séculos após o médico Edward Jenner, ter descoberto a primeira vacina, no caso contra a varíola, a Indústria Farmacêutica continua comprometida a dar respostas às necessidades do presente e do futuro, apostando em soluções inovadoras, sendo incontornável reconhecer o papel crucial que a Indústria Farmacêutica tem assumido, desde sempre, na investigação, desenvolvimento, produção e distribuição de vacinas, por todo o mundo.

Portugal possui um Programa Nacional de Vacinação (PNV) com praticamente seis décadas, robusto, de grande sucesso e reconhecido internacionalmente. O PNV, à semelhança dos bons instrumentos de saúde pública, é tão eficaz quanto melhor se adaptar aos desafios atuais. Torna-se, pois, essencial que se mantenha a aposta que o rege, de proteção à população em Portugal, alargando-o, seja na população pediátrica, seja na população adulta, promovendo a vacinação ao longo da vida e contribuindo para que os mais velhos se mantenham saudáveis e ativos durante mais tempo.

Perante as necessidades da população mundial acabadas de referir, e sem descurar o papel fundamental da imunização na infância, a Indústria Farmacêutica dá cada vez maior importância à vacinação na idade adulta, sendo que atualmente 80% das vacinas em investigação e desenvolvimento, são dirigidas à população adulta.

Num mundo em mudança, cada vez mais exigente de movimentação das populações, é indispensável permanecermos vigilantes, investindo em novas estratégias vacinais, por forma a enfrentar os desafios decorrentes de pandemias e de outras crises sanitárias com impacto na saúde global.

Neste mundo globalizado observam-se crescentes riscos de importação de casos de doença, como resultado de um maior contacto e proximidade entre pessoas de diferentes origens, sendo este um fator que altera a realidade da proteção imunitária, por isso, é ainda mais importante a vacinação e a consciência que determinados comportamentos podem ser de risco para algumas doenças, incluindo-se nestes comportamentos a hesitação em vacinar. No quadro atual ganha relevo dar prioridade a um esforço ativo de sensibilização e atuação junto das populações migrantes, que, muitas vezes, não estão vacinadas ou apresentam esquemas de vacinação incompletos e cuja proteção através da imunização também deve estar no centro das nossas preocupações.

É determinante unir esforços para que o PNV se mantenha o relevante património da sociedade portuguesa, assegurando que todo o fluxo, desde a complexa produção de uma vacina, até ao momento em que é administrada a quem dela vai ter proteção, decorra sem obstáculos e ocorra no momento certo para essa pessoa. Todas os obstáculos precisam de ser ultrapassados, mesmo os resultantes do processo de reorganização do modelo de gestão pública da saúde, para garantir que o PNV se mantém o pilar de saúde publica e da nossa sociedade que é.

Permitir às empresas farmacêuticas a necessária previsibilidade na, como já aqui foi referido, complexa produção e distribuição de vacinas, é fundamental para o continuado sucesso do PNV, pois sem vacinas não há vacinação.

A previsibilidade aqui defendida traduz-se por maior clareza nos momentos de necessidade de fornecimento, a qual poderia ser aumentada adotando aquisições plurianuais, assim como uma melhor definição do fluxo de distribuição às instituições do Serviço Nacional de Saúde onde ocorre a vacinação, algo em mutação dado o processo de transformação que atravessa o SNS.

Que estas reflexões sejam alimento para decisões que robusteçam ainda mais o PNV, continuando a proteger-nos mais e melhor, porque imunização não é só uma semana, é todos os dias, e é toda a vida !

Vítor Virgínia

Coordenador do Grupo de Trabalho de Vacinas da APIFARMA

Diretor Geral da MSD

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