www.sabado.ptAna Gabriela Cabilhas - 21 abr. 11:36

Filhos da liberdade

Filhos da liberdade

Opinião de Ana Gabriela Cabilhas

A minha geração nasceu e cresceu em democracia. Somos filhos da liberdade, os descendentes de um passado que agradecemos, respeitamos e admiramos. Não queremos, nem sabemos viver de outra forma. Mas, queremos mais e ambicionamos melhor.

Queremos ser pais de uma democracia aperfeiçoada, que é como quem diz, queremos ser os progenitores de um futuro que proteja e inspire as próximas gerações. Para mim, esta é a melhor maneira de celebrar os 50 anos de democracia. Esta liberdade de pensar, esta liberdade de ser, esta liberdade para sonhar são, em si mesmas, a expressão máxima da esperança de abril de 1974 e de novembro de 1975.

A democracia tem sobrevivido, ao invés de viver com o fulgor, a pujança e o entusiamo fundadores dela mesma. Por isso, não posso admitir que a melhor versão da nossa democracia tenha ficado no passado, presa e cristalizada na Revolução e nas décadas seguintes, essas sim, de modernização.

Se a maior herança da Revolução é a possibilidade de tomarmos o futuro nas nossas mãos, então, devemos ajudar a construir os próximos 50 anos da nossa democracia, melhorando-a e reconciliando-a com o povo. Urge recuperar a explosão de calor e alegria, o entusiasmo e a motivação nas pessoas de poderem construir um País melhor, como quando foram às urnas para a Assembleia Constituinte. É, aliás, um imperativo. As democracias liberais estão a ser contestadas, as soluções populistas geram likes, cliques e partilhas, a demagogia e a desinformação multiplicam-se online, e forças à esquerda e à direita atentam às liberdades individuais e coletivas que fomos alcançando.

Não há maior honra que ser Deputada da Nação em meio século de democracia. Mas, a responsabilidade é, também, enorme, fazendo uso da liberdade para me exprimir e concretizando o pensamento em ação.

Resolver os problemas das pessoas e garantir uma verdadeira igualdade de oportunidades. Elevar o debate político e público. Cumprir as promessas e refletir sobre a preferência dos cidadãos. Reforçar a responsabilização dos titulares de cargos públicos. Atrair os melhores para a política e envolver a sociedade civil. Rejeitar soluções simplistas para problemas complexos. Jamais tratar os extremismos com mais radicalismo. Ter como prioridade a próxima geração e não apenas a próxima eleição. Aproximar verdadeiramente o exercício da política dos cidadãos. Dar lugar às novas gerações nas tomadas de decisão e convocar mais mulheres para a política. Erradicar a cultura da cunha, do favor e do jeitinho. Substituir a política de café e do comentário por mais participação na comunidade. Lutar por uma justiça que funcione na vida útil dos cidadãos. Apoiar o jornalismo independente. Rejeitar as vagas wokistas, a nova "censura do bem" e a doutrinação da educação, protagonizadas por extremismos em pólos opostos do pensamento ideológico. Largar a política do soundbite, não ceder à espuma dos dias e tirar Portugal da gestão corrente.

O futuro da nossa democracia não é certo, mas a forma como o preparamos é a chave para a defender melhor: com mais qualidade de vida, mais progresso, mais solidariedade, mais respeito pelas pessoas e pela dignidade que a todos deveria estar consagrada, pelo planeta e os seus recursos.

Sejamos pais de uma democracia democratizada e de uma liberdade libertadora. De um Portugal que possa ser novamente sonhado. Mais crónicas do autor 21 de abril Filhos da liberdade

Para mim, esta é a melhor maneira de celebrar os 50 anos de democracia. Esta liberdade de pensar, esta liberdade de ser, esta liberdade para sonhar são, em si mesmas, a expressão máxima da esperança de abril de 1974 e de novembro de 1975.

14 de abril Jovem Ministério

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