www.sabado.ptManuel Pinto Coelho - 19 abr. 19:29

Metais pesados

Metais pesados

Opinião de Manuel Pinto Coelho

Arsénio, cádmio, chumbo e mercúrio. Tal como muitos outros, estes metais pesados convivem com o homem e, na maioria das vezes, o organismo tem a capacidade de os eliminar, mas quando as quantidades assumem proporções tóxicas, os efeitos na saúde são graves, podendo conduzir à morte.

Estes metais pesados destacam-se pelo número de intoxicações que provocam e os seus efeitos na saúde, sendo que na origem desta frequência está a sua enorme presença ambiental.

Existem 35 metais que devem preocupar-nos pelo facto de, se não estivermos atentos, poderem partilhar connosco o espaço das nossas casas. Entre eles, 21 são considerados metais pesados.

Onde se encontram e o que causam?

Arsénio: utilizado como conservante de couro e madeira, é o principal responsável por envenenamento por metais pesados no adulto. Afeta os rins, o sangue, o sistema nervoso central e o sistema digestivo.

Chumbo: Existe em alguns tanques (utilizados em reservatórios de água) ou canos em más condições, podendo migrar para a água da rede doméstica. Também se encontra na pintura de louças e brinquedos, com risco de ser libertado para o organismo. Afeta os ossos, o cérebro, a medula óssea, o sangue, os rins e a glândula tiroide.

Cádmio: Existe em minérios de zinco e chumbo, sendo obtido como subproduto da fundição e refinaria de minérios de zinco. Afeta o córtex cerebral, conduzindo à falência renal.

Mercúrio: Presente no atum, dourada, bacalhau, tubarão, peixe-espada, garoupa, enguia e peixe-galo. Encontra-se igualmente em algumas amálgamas dentárias. Afeta o sistema nervoso central, os sistemas renal e pulmonar, podendo provocar várias doenças.

Outros metais:

Antimónio, bismuto, cobalto, crómio, cobre, ferro, ouro, gálio, manganésio, níquel, prata, platina, tálio, urânio, vanádio, zinco e alumínio. Este último, embora não seja propriamente um metal pesado, constitui cerca de 8% da superfície da Terra e está presente em muitos utensílios, desodorizantes e algumas vacinas. A sua ingestão pode traduzir-se em perda de apetite, comichão e existe em quantidades significativas no cérebro dos doentes de Alzheimer.

Pequenas quantidades destas substâncias químicas fazem parte do nosso ambiente e da nossa dieta. Algumas delas são mesmo necessárias: o ferro, o cobre, o manganésio e o zinco, encontrados em alimentos como as frutas e os vegetais, são nutrientes essenciais para uma vida saudável.

A presença destes metais pesados em quantidades exageradas no nosso organismo pode causar toxicidade aguda ou crónica, afetar o funcionamento do sistema nervoso central, diminuir os níveis de energia e entrar na composição do sangue, causando danos nos pulmões, fígado, rins e outros órgãos vitais.

Portas de entrada dos metais pesados no nosso organismo: inalação através do ar; ingestão, através da água e de alimentos; pela pele; manuseamento de metais pesados em ambientes industriais ou farmacêuticos.

Ao fim de um tempo, os metais pesados provocam, insidiosamente, processos degenerativos musculares e neurológicos e podem mimetizar a doença de Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla e distrofia muscular, podendo ainda o seu uso continuado vir a causar alergias várias e mesmo cancro.

Grupos de risco: habitantes de casas equipadas com canos de chumbo ou pintadas com tintas contendo chumbo, ou que vivem em ambientes em que predomina o mercúrio, o alumínio ou o ferro; trabalhadores que manuseiam baterias, fertilizantes e pesticidas; trabalhadores em indústrias envolvidas no acabamento de metais; profissionais que manuseiam produtos químicos em ambientes científicos e/ou laboratoriais.

A exposição aos metais pesados pode ser aguda – no caso de um acidente, por exemplo -, ou crónica, quando existe exposição a longo prazo. O organismo não consegue metabolizá-los e estes vão-se acumulando nos tecidos moles.

Intoxicação aguda (sintomas severos e de início rápido): náuseas e vómitos, cãibras, cefaleias, suores, dificuldades respiratórias, dificuldades cognitivas (podendo afetar a linguagem), dificuldades motoras e convulsões.

Intoxicação crónica: transtornos cognitivos e motores, déficits de linguagem, de atenção e de aprendizagem, instabilidade emocional, letargia, sensação de doença, insónias, nervosismo.

Qualquer toxicidade que não seja reconhecida ou tratada irá, mais cedo ou mais tarde, traduzir-se na redução de qualidade de vida ou doença.

Proteja-se! Tome SAM (S-AdenosilMetionina) e Silymarina (silibinina), sempre com o devido aconselhamento médico. Tome regularmente suplementos, ervas, minerais, aminoácido, extratos de plantas, agentes protetores e desintoxicantes.

Faça biofeedback, que permite determinar qual o nível de toxinas e metais pesados no organismo e eliminá-los. Se os testes utilizados para aferir a intoxicação forem positivos, é fundamental proceder sem demora à quelação, ou seja, à eliminação das substâncias envolvidas, tornando-as solúveis, para que depois possam ser eliminadas pelas fezes e urina.

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