expresso.ptexpresso.pt - 16 abr. 20:47

Ser atacado por um cão numa jaula: a tortura de Israel em Gaza e a missão de paz num Estado que ainda não existe (guerra, dia 193)

Ser atacado por um cão numa jaula: a tortura de Israel em Gaza e a missão de paz num Estado que ainda não existe (guerra, dia 193)

Se o Estado da Palestina for reconhecido pela comunidade internacional, o governo italiano está disponível para assegurar a paz no território – mas as violações de direitos humanos por parte de Israel continuam em Gaza, denuncia a UNRWA. "Alguns detidos, incluindo uma criança, tinham marcas de mordidelas de cão no corpo”

A agência da ONU que lida com refugiados palestinianos (UNRWA) apresentou esta terça-feira um relatório em que acusa as autoridades de Israel de deter e torturar várias pessoas junto à fronteira de Karem Abu Salem, que separa Gaza, Israel e o Egipto.

Desde 4 de abril, diz a UNRWA, Israel já libertou 1506 detidos, incluindo 43 crianças e 84 mulheres. Os relatos dos sobreviventes apontam para violações dos direitos humanos cometidos por Israel.

Kibbutz Nir Oz, atacado pelo Hamas a 7 de outubro Dan Kitwood/Getty Images

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“Estas violações incluem pessoas a ser agredidas enquanto eram forçadas a deitar-se num colchão fino por cima de destroços durante horas, sem acesso a comida, água ou casa-de-banho, e com as pernas e braços presos com sacos de plástico”, sublinha o relatório.

Vários palestinianos contaram que foram forçados a entrar em jaulas, para de seguida serem atacados por cães. “Alguns detidos, incluindo uma criança, tinham marcas de mordidelas de cão no corpo”, nota a UNRWA.

Além disso, os cidadãos palestinianos foram ameaçados de morte – tal como os seus familiares – se não revelassem informação que as autoridades israelitas considerassem relevante.

Ao mesmo tempo, Israel continua a bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza: "Desde o início de abril, uma média de 181 camiões carregados com ajuda entraram em Gaza. Este número continua a ser muito inferior à capacidade operacional e ao objetivo de 500 camiões por dia", declarou a agência especializada da ONU em comunicado.

Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros israelita Pool

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Itália oferece tropas para missão de paz

Caso seja criado um Estado palestiniano reconhecido pela comunidade internacional, a Itália está disposta a enviar tropas para a Palestina como parte de uma missão de manutenção da paz, disse esta terça-feira o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano. "O Governo italiano está fortemente empenhado na paz", garantiu Antonio Tajani.

"Somos amigos de Israel, mas queremos trabalhar para a paz, incluindo através do possível envio de tropas se for criado um Estado palestiniano, juntamente com forças de outros países", afirmou, apelando à contenção de Israel na resposta ao Irão. "Espero que não haja uma escalada", disse Tajani.

"Agora temos de evitar que o conflito se alargue, porque não temos apenas tensões em Gaza, mas também no Mar Vermelho", defendeu.

Anadolu via Getty Images

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Ao mesmo tempo, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha viajou hoje para Israel com o objetivo de "evitar uma nova escalada" na região. Segundo Annalena Baerbock, a União Europeia tem de aplicar novas sanções contra empresas que contribuem para o fabrico dos drones iranianos, que atacaram Israel este fim-de-semana.

"No final do outono, pedi à França e a outros parceiros da UE para que este regime de sanções aos 'drones' fosse alargado a novos tipos de equipamento utilizados por Teerão e pelos seus aliados", disse a ministra alemã.

"Espero que finalmente possamos dar este passo juntos como UE", acrescentou Baerbock.

Em Teerão, uma iraniana passa junto a um mural de mísseis com o símbolo da República Islâmica ATTA KENARE / AFP / Getty Images

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Outras notícias

> A UNRWA também anunciou que encontrou bombas não deflagradas em várias escolas de Khan Younès, sul da Faixa de Gaza, que até recentemente esteve ocupada por tropas israelitas. O peso total dos explosivos ultrapassa os 450kg.

> Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 reúnem-se entre quarta e sexta-feira na ilha italiana de Capri para discutir as tensões no Médio Oriente, sendo previsível que abordem sanções ao Irão, na sequência do recente ataque a Israel. O Conselho Europeu também vai reunir-se, esperando-se uma posição de “condenação” ao ataque iraniano.

> Após o assassinato de quatro palestininanos, incluindo uma criança, por colonos israelitas na Cisjordânida ocupada este fim-de-semana, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) exigiu que as forças de Telavive parem de participar e apoiar ataques no território. Na Cisjordânia ocupada, pelo menos 468 palestinianos foram mortos por soldados ou colonos israelitas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. Cerca de 490 mil israelitas residem nos colonatos, ilegais ao abrigo do direito internacional.

> Pelo menos oito mesquitas foram atacadas em Gaza pelas forças de Israel durante as festividades do final do Ramadão na semana passada. Desde o início do conflito, pelo menos 534 mesquitas foram destruídas ou danificadas em Gaza, apesar de serem locais protegidos pelo direito internacional em tempos de guerra.

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