expresso.pt - 28 mar. 10:47
As 50 Canções que Anunciaram o 25 de Abril: #23 ‘Vum Vum’, Monami (1969)
As 50 Canções que Anunciaram o 25 de Abril: #23 ‘Vum Vum’, Monami (1969)
Em contagem decrescente para a celebração do 50º aniversário do 25 de Abril, a BLITZ publica diariamente uma lista de 50 canções que abriram caminho à liberdade conquistada na Revolução dos Cravos, com textos assinados por Luís Freitas Branco, autor do livro “A Revolução Antes da Revolução”. Em 1969, nos bastidores do Teatro Monumental, perante o empresário Vasco Morgado, que o descobriu a cantar em Luanda, Vum Vum recusa-se a interpretar uma canção revisteira de exaltação colonial. Mais: contrapõe a tradicional angolana ‘Monami’, revirada por si, tornada pedido de clemência de um pai pelo regresso dos filhos da Guerra Colonial. Os atrevimentos saíam caros
Até 25 de Abril de 2024, a BLITZ publica uma lista de 50 canções que abriram caminho à liberdade conquistada há 50 anos. São canções que, durante o Estado Novo, prenunciaram a mudança ocorrida a 25 de Abril de 1974, e deram forma a uma revolução cultural que em muito antecedeu a revolução política que pôs termo à ditadura. Os textos são da autoria de Luís Freitas Branco, autor de “A Revolução Antes da Revolução” (Zigurate, 2024), a publicar este mês, livro que documenta o modo como a música popular portuguesa abriu as portas para o clima cultural, social e político que desencadeou o 25 de Abril de 1974. Todos os dias, esta lista ‘receberá’ uma nova canção.
23. ‘Vum Vum’, de Monami (1969)Vum Vum era um atrevido. Vejam a cena: nos bastidores do Teatro Monumental, Lisboa, em frente ao temido empresário Vasco Morgado, que o descobriu a cantar num clube em Luanda, o músico recusa-se a interpretar uma canção revisteira de exaltação colonial. Mais, se é para cantar sugere a improvável ‘Monami’, uma música tradicional angolana recuperada por Fontinhas e revirada do avesso pelo próprio Vum Vum. A canção, em kimbundo, é um pedido de clemência de um pai pelo regresso dos filhos a casa, no contexto da Guerra Colonial. Os atrevimentos saíam caros: a Valentim de Carvalho editou Vum Vum mas nunca o promoveu devidamente, Vasco Morgado rompeu o contrato, e até hoje conta-se pelos dedos quem ouviu estes urgentes gritos de desespero e êxtase.
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