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Este mundo será sempre o de Hermann

Este mundo será sempre o de Hermann

Aos 84 anos, criador belga Hermann continua a desenhar como se não houvesse amanhã. "Duke", um western crepuscular completo, já tem os seus sete álbuns disponíveis em português.

"Duke", de Yves H. e Hermann, de que a Arte de Autor acaba de editar o sétimo e último volume, "Este mundo não é o meu", é um western crepuscular, ambientado na transição entre os grandes tempos do Oeste selvagem e a caminhada atribulada mas inexorável para a chegada da civilização aos lugares onde a lei e a ordem durante anos foram impostas à força da bala.

É também uma história de perseguição, de várias perseguições, aliás, motivadas pelo desejo de vingança ou pela busca do sempre desejado dinheiro, perseguições essas gizadas pelos acasos do destino, vincando a forma maldosa e cruel como ele joga com as vidas dos seres humanos. Seres humanos que Hermann, bem secundado pelo seu filho e argumentista Yves H., continua a encarar com pessimismo e descrença, realçando sempre o pior de cada um e de todos eles.

Entre os vários perseguidores e perseguidos, cujo número vai variando consoante os momentos da ação e os tiros certeiros que vão sendo disparados, emerge um homem, o Duke que dá título à série, atormentado pelo seu passado, martirizado pelas escolhas que fez ou foi obrigado a fazer, perseguido pela maldição do seu feitio e da sua postura e acossado por sombras que tornam a sua existência penosa e fazem dele constantemente um alvo.

Mas "Duke" é também, claramente, uma obra crepuscular na carreira de Hermann que, aos 84 anos, continua a tentar resistir à passagem do tempo, criando, como se disso dependesse a sua vida, novas obras ao ritmo frenético de 2 álbuns por ano. É evidente que o seu traço já não é o mesmo - e as capas são a melhor prova disso - mas Hermann mantém-se mestre na planificação de base tradicional que utiliza e, em especial, no modo como continua a iluminar os seus desenhos com cores intensas ou os carrega de sombras opressivas, da mesma forma que se esmera em contrastes de claro/escuro únicos.

Dispensava-o deste afã o seu passado, plasmado em séries notáveis como "Comanche", "Bernard Prince", "Jeremiah" ou "As Torres de Bois-Maury", que afirmam claramente que o mundo da BD será sempre dele e que todos os leitores, de sucessivas gerações, terão de se render à sua mestria e ao seu traço inigualável, que constituem uma herança que a qualquer momento permite continuar a embarcar na grande aventura.

Duke #1 a #7

Yves H. e Hermann

Arte de Autor

56 p., 18,00 € (cada)

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