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Uma visita às memórias e confissões de Manoel de Oliveira

Uma visita às memórias e confissões de Manoel de Oliveira

"Visita ou Memórias e Confissões" é o título do filme autobiográfico do mestre portuense Manoel de Oliveira que estará disponível na MUBI esta semana.

Em 1982, Manoel de Oliveira tinha 74 anos, uma obra já longa por detrás e um reconhecimento internacional marcado pela presença e pelos prémios alcançados em festivais como Cannes ou Veneza. Entre nós, tal reconhecimento só surgiria ao completar os 100 anos de vida, mais pela idade do que pelo efetivo conhecimento da sua obra, apesar do seu gigantesco trabalho no cinema ser amado e estudado por muitos críticos, analistas e académicos do nosso país.

Oliveira decidiria então realizar uma obra não só autobiográfica como também para ser vista apenas após a sua morte. O que o realizador não poderia imaginar é que ainda nos faria companhia por mais de três décadas, durante as quais realizaria outras tantas obras. O que é certo é que "Visita ou Memórias e Confissões" só seria visto, com a exceção de algumas personalidades por ele autorizadas, depois de Oliveira nos deixar, em 2015, aos 106 anos e ainda em plena atividade.

"Visita ou Memórias e Confissões", como o título indica, leva-nos à mais profunda intimidade do realizador, abrindo-nos as portas da casa onde vivera ao longo de várias décadas e que se aprestava a ter de deixar, por razões económicas. Vemos o local onde, com a sua máquina de escrever, escreveu tantos dos seus argumentos. Acompanhamos a sua revisitação de muitas das suas memórias familiares. Partilhamos, como em todos os seus filmes, um pouco da sua filosofia de vida, da sua abordagem da arte e do cinema que cedo decidiu abarcar.

Num dos momentos mais sublimes do filme, arriscamo-nos mesmo a dizer da sua obra, vemos a sua esposa, Maria Isabel, que lhe sobreviveria ainda alguns anos, a tratar do seu jardim, das suas flores. É um plano singelo mas que tanto nos diz sobre a força dessa mulher, apesar do seu pequeno porte, e da sua importância não só na vida como também na obra de Oliveira. O mestre sempre filmou com um evidente amor pelo cinema. Mas, neste plano, como nunca em nenhum outro.

A visão de "Visita ou Memórias e Confissões" é pois imprescindível, para melhor compreender a obra de Oliveira. É o que se pode fazer quando a plataforma MUBI disponibilizar o filme, já esta semana, a partir da próxima quinta-feira, 6 de abril.

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