visao.sapo.ptmantunes - 9 fev. 10:08

Visão | Retalho camaleónico

Visão | Retalho camaleónico

Com consumidores mais exigentes a partilhar as suas preferências de forma tão dinâmica, os retalhistas enfrentam um enorme desafio de gestão: como ajustar-se a milhões de padrões, o que fazer com a informação e como tirar proveito desta para maximizar a experiência para o consumidor

Tal como o camaleão, o setor de retalho tem uma enorme capacidade de se adaptar a alterações do meio ambiente, com uma velocidade e profundidade que poucos setores têm.

Quando pensei neste artigo, apercebi-me que “novas tendências” e “retalho” acabam por ser sinónimos, pois em cada estação do ano, obstáculo e tecnologia, o retalho adapta-se, adota, investe e transforma-se.

Numa curva fortemente ascendente até 2019, o retalho viveu um turbilhão sem precedentes com a pandemia e tudo o que o confinamento trouxe, não apenas em termos operacionais, mas também em termos de alteração dos hábitos de consumo.

Hoje, certos de que o setor está melhor preparado para dar respostas rápidas e eficazes, assistimos a novos desafios que colocam o cerne das decisões de compra num consumidor cada vez mais focado em questões de sustentabilidade, economia circular e bem-estar nas suas várias dimensões.

Estas são algumas das tendências que podemos observar neste amplo processo de transformação:

  1. Do phygital para o Metaverso

Já ultrapassámos a discussão do on-line versus o espaço físico. São dois mundos que convergem num modelo híbrido de modo a criar experiências mais satisfatórias para um mesmo cliente.

O espaço físico evoluiu e é cada vez mais avançado tecnologicamente. Os layouts são repensados e adotadas soluções de realidade virtual e aumentada, parte do universo do metaverso enquanto experiência imersiva para conectar os consumidores ao mundo phygital.

E o metaverso ou retailverse, olhado por muitos com ceticismo ao longo dos anos, ganha uma nova dimensão quando marcas como a Gucci, Dolce & Gabbana, Nike, Adidas, Starbucks e tantas outras criam linhas próprias para este universo.

  • Instashopping

O papel das redes sociais e dos influencers é cada vez mais relevante na comunicação com o seu público-alvo.A proximidade destes canais a uma audiência seletiva gera uma maior fidelização dos consumidores, uma maior interatividade e capacidade de conversão em vendas.

Em simultâneo, as reviews tornam-se incontornáveis no processo de escolha, conduzindo-nos aos restaurantes, a comprar um novo gadget ou a viajar para um destino de férias.

  • Economia circular

Intrinsecamente ligada à sustentabilidade e maior consciência ambiental, a economia circular ganhou protagonismo, e retalhistas e consumidores adotaram-na na sua cadeia de produção e critérios de compra. Existem hoje no mercado artigos produzidos apenas com desperdício e material reciclado, contribuindo para reduzir significativamente a pegada de carbono.

As grandes marcas de desporto já incorporaram nas suas coleções ténis produzidos 100% com resíduos plásticos retirados dos oceanos.

Retalhistas, como o Ikea, pensam nos materiais utilizados por forma a garantir a sua reutilização no final da vida útil do produto.  E grandes marcas de moda, como a Primark, aderem aos princípios da WRAP (Waste and Resources Action Programme), organização que promove a economia circular em diversas vertentes, no caso da moda revendo processos produtivos para diminuir desperdício, estendendo a longevidade dos produtos, promovendo o aluguer e reparação de roupas.

  • BIG DATA e Blockchain

– este é o papel da Big Data.

E é aí que a automatização de processos, a incorporação da informação numa série de blocos interligados – Blockchain – conectando a cadeia de valor, da produção ao consumidor e vice-versa, tem um papel crucial, utilizando rotinas de Inteligência Artificial e sistemas de análise sofisticados.

E estes processos incorporam gestão dinâmica de preços, gestão de “prateleiras virtuais”, produtos complementares, ajustamento de stocks, ordens de produção, cadeias logísticas, comunicação e marketing de forma inigualável.

Como é que estas tendências impactam no “retalho camaleónico”, sabendo os tempos que atravessamos?Obrigando-o a incorporar todos estes vetores na sua estratégia a curto prazo.

Num ano de 2023 em que se espera um ambiente de forte inflação, incerteza, dificuldades no abastecimento ecrise energética, os retalhistas que abraçam esta forma alargada de fazer retalho serão certamente os que têm uma maior capacidade de responder – e adaptar-se!

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