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Bard, o Chatbot da Google que se estreia a apresentar informação errada

Bard, o Chatbot da Google que se estreia a apresentar informação errada

Na publicação de lançamento do serviço, a Google mostra um GIF onde é feita uma questão ao Bard. Mas uma resposta não corresponde à verdade

A Google anunciou o seu chatbot baseado em inteligência artificial para concorrer contra o ChatGPT. Foi neste anúncio que partilhou um GIF com um exemplo das potencialidades do serviço. Contudo, o resultado apresentou informação errada. E agora, como fica a credibilidade do Bard neste arranque? A Google avisou!

O ChatGPT foi apresentado há poucos meses e já está a revolucionar a internet. O serviço da OpenAI é capaz de escrever código de programação, é capaz de passar em testes de acesso à universidade e até de escrever teses. Há já empresas ligadas à comunicação e imprensa que estão a recorrer ao serviço para escrever artigos ou selecionar informação.

A Google encarou este serviço como um concorrente e já está a trabalhar afincadamente numa proposta à altura. Recorde-se que o criador do Gmail chegou mesmo a referir que o "ChatGPT será o abismo para o negócio da Google".

Bard e um erro que pode colocar em causa a sua reputação mesmo antes do lançamento

O serviço Bard foi confirmado há dois dias pela Google e pretende combinar a amplitude do conhecimento mundial com o poder, a inteligência e a criatividade de grandes modelos de linguagem da Google. Usa especificamente uma "versão de modelo leve do LaMDA" que "requer significativamente menos poder de computação, permitindo escalar para mais utilizadores, permitindo mais feedback".

Na publicação de lançamento do serviço, a Google mostra um GIF onde é feita uma questão ao Bard: “What new discoveries from the James Webb Space Telescope can I tell my 9-year old about?”. Ou seja, é questionada sobre as novas descobertas do Telescópio Espacial James Webb ideais para contar a uma criança de 9 anos.

São deixadas três curiosidades relativas ao telescópio, sendo que uma delas não corresponde à verdade. É respondido que "o JWST tirou as primeiras fotos de um planeta fora do nosso próprio sistema solar. Esses mundos distantes são chamados de 'exoplanetas'. Exo significa 'de fora'."

Ora, é verdade que o telescópio tirou sim fotos a exoplanetas, mas não foi o primeiro a fazê-lo. O Very Large Telescope (VLT) do European Southern Observatory em 2004, já o tinha feito antes, em 2014, segundo a NASA.

Bard is an experimental conversational AI service, powered by LaMDA. Built using our large language models and drawing on information from the web, it’s a launchpad for curiosity and can help simplify complex topics → https://t.co/fSp531xKy3 pic.twitter.com/JecHXVmt8l

— Google (@Google) February 6, 2023

A Google avisou!

A verdade é que esta imprecisão não é algo para o qual a Google não tenha alertado. No anúncio ao serviço, deixou claro que "o Bard pode, por agora, fornecer informações imprecisas ou inadequadas. A fase de testes destina-se a ajudar a Google a continuar a aprender e a melhorar a qualidade e a velocidade do Bard. Nenhum dado sobre como e quando o público pode experimentar o Bard está disponível."

Considerando esta advertência, há claro as questões que se levantam quanto ao futuro. A CNET, por exemplo, tem já em curso um programa de escrita de artigos alocado à equipa do CNET Money baseados em IA, com o ChatGPT. Em informação partilhada recentemente, a empresa referiu que mais de metade dos 77 artigos escritos tiveram que ser corrigidos, "com erros substanciais", alguns tinham pequenos problemas, como nomes incompletos de empresas ou linguagem demasiado vaga para as exigências do canal de informação. Alguns deles ainda apresentavam problemas mais graves, como plágio.

Contudo, para a maioria da população, estas imprecisões podem ser um predigo para o propagar da desinformação. Como os chatbots acertam tanto e dão respostas com elevado grau de confiança, qualquer pessoa que não verifique os factos das suas respostas pode ficar com falsas crenças.

Considerando o caos que a desinformação (não alimentada por IA) já deixou à solta na sociedade, disponibilizar estas tecnologias que podem ser alimentadas pela própria desinformação criada pelo homem, pode levar-nos a um futuro difícil de distinguir o que é falso e verdadeiro.

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