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Casal suspeito de escravizar moçambicana foi libertado

Casal suspeito de escravizar moçambicana foi libertado

Homem e mulher, também com nacionalidade moçambicana, tentaram coagir vítima já após esta ter denunciado o crime. Família de empregada obrigada a trabalhar 16 horas diárias por 50 euros mensais também recebeu telefonema dos detidos.

O casal detido por ter escravizado uma moçambicana, durante um ano, tentou contactar por diversas vezes a mulher, de 29 anos, depois desta ter denunciado o caso. Os suspeitos do crime de tráfico de pessoas também telefonaram, ao longo das últimas três semanas, para Moçambique e falaram com a família da vítima, já após esta ter fugido do apartamento de Espinho e estava protegida numa instituição.

As autoridades judiciais acreditam que os contactos tiveram o objetivo de coagir a vítima para a forçar ao silêncio, mas mesmo assim o Tribunal de Instrução Criminal de Santa Maria da Feira decidiu, ontem, libertar o casal, também de nacionalidade moçambicana. Os suspeitos, um dos quais passa longas temporadas em Moçambique no âmbito da sua profissão de contabilista, ficaram sujeitos, como medida de coação, a termo de identidade e residência e impedidos de contactar a mulher escravizada.

Tal como o JN avançou, o casal já tinha dado emprego à vítima quando todos viviam em Moçambique. Por isso, na altura em que o contabilista e a esposa decidiram viver em Portugal, convidaram a empregada para os acompanhar.

Prometeram-lhe um ordenado de acordo com a lei portuguesa e a hipótese de estudar. Esta, convencida de que teria a possibilidade de juntar dinheiro para sustentar os dois filhos que permaneceram em Moçambique, viajou, há cerca de um ano, com os patrões, mas encontrou uma realidade bem diferente da que tinha antecipado.

Ficou sem os documentos de identificação e proibida de sair do apartamento da família, situado no centro de Espinho. E começou a levantar-se, todos os dias, às 6.30 horas, para tratar das lides domésticas. Impedida de contactar a família, era forçada a tomar conta dos quatro filhos menores do casal e só tinha autorização para se deitar perto da meia-noite, com toda a habitação arrumada.

Apesar das muitas tarefas realizadas, só lhe era permitido comer uma vez por dia. Quando a PJ do Porto a libertou, há três semanas, a mulher sofria, salienta um comunicado publicado na segunda-feira, de "uma anemia grave provocada por ausência de alimentação".

Devido à sua "notória debilidade geral e falência física", foi observada no Centro Hospitalar Gaia-Espinho, mas não ficou internada. Foi, antes, levada para uma casa-abrigo

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