eco.sapo.pteco.sapo.pt - 29 nov. 16:55

Rui Moreira critica dispersão dos transportes por várias tutelas

Rui Moreira critica dispersão dos transportes por várias tutelas

Presidente da câmara do Porto defende que autarcas não têm poderes em competência dos transportes e voltou a criticar a falta de estudos para a construção de uma ponte para o Metro do Porto.

Faltam poderes aos presidentes de câmara para intervir na área dos transportes. O presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, lamenta que estas competências estejam dispersas por poderes intermédios e por vários ministérios. Os exemplos começam na ponte sobre o rio Douro e acabam nos comboios turísticos.

Muitas vezes pensamos só no hardware e falamos pouco no software“, começou por questionar Rui Moreira durante um debate no congresso da associação de transportes Adfersit, a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O autarca começou por lembrar que chegou a mandar uma carta a questionar a necessidade de se construir uma ponte para a Linha Rubi do Metro do Porto, que vai ligar a estação da Casa da Música a Santo Ovídio.

“Se tenho uma ferrovia que vai entrar em Gaia por uma estação em Santo Ovídio e há uma nova ponte para Campanhã não se devia ter feito um estudo de procura para as duas soluções?”, referiu Rui Moreira. A resposta que terá recebido é que haveria necessidade de se fazer a ponte para o Metro do Porto por causa dos prazos de execução do Plano de Recuperação e Resiliência. “Havendo uma reflexão atempada sobre a matéria, fazia-se alguma coisa”.

Dos carris para as estradas, o autarca do Porto deu o exemplo dos veículos que são movidos a pedal enquanto se bebe cerveja. “Temos veículos que circulam na cidade que são licenciados pelo IMT e a nossa Polícia Municipal não pode intervir. Não podemos intervir os veículos apesar dos claros problemas em termos de segurança”. A questão da segurança também foi levantada por causa dos comboios turísticos. “Pura e simplesmente não seriam permitidos porque não fazem marcha-atrás.”

A falta de poder chega à gestão dos serviços de entrega de encomendas. “Vivemos com um crescimento em espiral do e-commerce desde a pandemia e que nunca mais recuou. Não há qualquer regulação. Em Copenhaga (capital da Dinamarca), as carrinhas não entram e deixam as encomendas nos cacifos. Não é preciso inventar nada”. Sobre o comércio eletrónico, Rui Moreira considerou ainda que esta atividade muda a vivência das cidades e deixa de ter montras. “A cidade onde deixamos de ir às compras acaba por ser insustentável de outro ponto de vista.”

O autarca também lamentou a dispersão de poderes entre a tutela do Metro do Porto (por parte do Ministério do Ambiente e da Ação Climática) e a ferrovia (por parte do Ministério das Infraestruturas).

Mais queixas à tutela

Também sob tutela do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, o presidente do Metro de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, lamentou a falta de verbas para algumas intervenções nas estações da rede. “Incomoda-me a forma como está a estação do Marquês de Pombal. Custa-me ver a sujidade e as infiltrações… mas depois tenho de engolir aquilo porque não há dinheiro para fazer as obras necessárias”, desabafou.

O líder do Metro de Lisboa também defendeu a terceira ponte sobre o rio Tejo, com um tabuleiro para a circulação de comboios. “Seria muito importante para a Área Metropolitana de Lisboa”, assinalou, num aspeto que deverá ser clarificado com a definição do futuro do aeroporto da capital.

Braga defende BRT no quadrilátero

O presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, defendeu que Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos (quadrilátero urbano) deviam ser cidades ligadas por um sistema de autocarros em canal dedicado (BRT) em vez de um metro ligeiro. “É um sistema que poderá ter um impacto revolucionário na atividade do sistema de transportes”, tendo em conta que, só na cidade de Braga, “60% das emissões estão relacionadas com os automóveis, para o transporte individual”.

O autarca lamentou ainda que não tenham existido grandes evoluções no sistema ferroviário a partir da cidade de Braga. “Para irmos para o Algarve do comboio, a realidade não é muito diferente de quando era criança. Isso acarreta consequências no desenvolvimento do território.”

Em representação da CCDR-Algarve, José Pacheco referiu que está em estudo uma solução de metro ligeiro ou de BRT que sirva locais como Loulé, centro hospitalar do Algarve, aeroporto, Faro e Olhão.

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