observador.ptobservador.pt - 29 nov. 20:09

Quase 300 mortes e 1.803 novos casos de infeção por VIH em Portugal em 2020 e 2021

Quase 300 mortes e 1.803 novos casos de infeção por VIH em Portugal em 2020 e 2021

Em 2020, foram notificados 870 novos casos de infeção e no ano seguinte 933 correspondendo a uma taxa média de diagnósticos para o biénio de 8,7 casos por 100 mil habitantes.

O número de novos casos de infeção por VIH manteve a tendência decrescente em 2020 e 2021, com 1.803 diagnosticados neste período, situação que já se verifica desde o início do século, revela um relatório esta terça-feira divulgado.

Em 2020, foram notificados 870 novos casos de infeção, entre os quais duas crianças, e no ano seguinte 933, entre os quais mais duas crianças, correspondendo a uma taxa média de diagnósticos para o biénio de 8,7 casos por 100 mil habitantes, não ajustada para o atraso da notificação, refere o “Relatório Infeção por VIH em Portugal — 2022”.

Durante os anos 2020 e 2021 foram também diagnosticados 415 novos casos de sida, (dois casos por 100 mil habitantes), revela o documento apresentado hoje publicamente pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

No mesmo período, foram comunicados 298 óbitos em pessoas que viviam com o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que provoca a sida, (148 em 2020 e 150 em 2021). Em 24,5% das mortes, o tempo decorrido desde o diagnóstico foi superior a 20 anos e em 19,8% o óbito ocorreu no primeiro ano após o diagnóstico.

Relativamente aos novos casos de infeção, os dados revelam que a maioria corresponde a homens (2,5 casos por cada caso em mulheres), sendo a mediana das idades ao diagnóstico de 39 anos. Em 27,6% dos novos casos os indivíduos tinham 50 ou mais anos

“A idade mediana mais baixa (31 anos) foi apurada em homens que têm sexo com homens (HSH), estes correspondem a 70,1% dos casos diagnosticados em indivíduos de idade inferior a 30 anos“, salienta o documento conjunto da DGS e do INSA divulgado na semana em que se assinala o Dia Mundial da Luta Contra a Sida (01 de dezembro).

Segundo o relatório, a taxa de diagnóstico mais elevada registou-se no grupo etário 25-29 anos, 27,3 casos por 100 mil habitantes, em particular nos homens (45,1 casos/100 mil habitantes).

Em 91,9% dos casos diagnosticados nestes dois anos, a transmissão ocorreu através de relações sexuais, a maioria (51,8%) por contactos heterossexuais e 40,2% em homens que têm relações sexuais com homens (HSH). Os casos em utilizadores de drogas injetadas corresponderam a 2,3% do total.

A residência de 48,9% dos indivíduos situava-se na Área Metropolitana de Lisboa (15,3 casos/100 mil habitantes) e a região do Algarve apresentou a segunda taxa mais elevada de diagnósticos (9,3 casos/100 mil habitantes).

Portugal foi indicado como país de naturalidade na maioria dos casos (53%). Dos 820 casos que referiam ter nascido noutro país, 47,2% eram originários de países situados na África Subsariana e 40,9% de países da América Latina.

“Observa-se uma tendência crescente nas proporções de diagnósticos tardios que acompanha o aumento da idade à data de diagnóstico, atingindo o valor de 71,3% nos casos com idades de 50 ou mais anos ao diagnóstico”, salienta.

Desde 1983 at�� 31 de dezembro de 2021, foram identificados em Portugal 64.257 casos de infeção por VIH, dos quais 23.399 atingiram o estádio de sida e ocorreram 15.555 óbitos.

Até 31 de dezembro de 2021 foram diagnosticados e notificados, em Portugal, 633 casos de infeção por VIH em crianças com menos de 15 anos à data do diagnóstico, indica o relatório, ressalvando que 92,6% destes casos foram diagnosticados há mais de uma década e que as medidas implementadas em Portugal para a prevenção da transmissão vertical resultaram num decréscimo dos novos casos em crianças.

Entre 2012 e 2021, observou-se uma redução de 48% no número de novos casos de infeção por VIH e de 66% em novos casos de sida, valores provisórios uma vez que os totais relativos a 2021 não estão ajustados para o atraso na notificação.

No mesmo período, observou-se que em 55,4% dos casos o diagnóstico foi tardio.

“Não obstante a tendência decrescente sustentada, Portugal continua a destacar-se pelas elevadas taxas de novos casos de infeção VIH e sida entre os países da Europa Ocidental”, refere o relatório, salientando que “o elevado número de novos diagnósticos” em HSH com idades jovens continua a justificar um “forte investimento no desenho, implementação e alargamento de medidas preventivas dirigidas a esta população”.

Defende ainda que “a elevada percentagem de diagnósticos tardios, com particular expressão entre os homens heterossexuais e as pessoas com 50 ou mais anos, valida a necessidade de compreender melhor as razões e incrementar o desenvolvimento de ações dirigidas à prevenção da transmissão e promoção do diagnóstico precoce dirigidas a essas populações específicas”.

Este relatório resulta de um trabalho de colaboração entre a DGS, o INSA, a Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), os hospitais e os seus profissionais, assente num processo de recuperação das notificações de novos casos de infeção VIH em atraso, na sequência de constrangimentos que marcaram a pandemia de Covid-19, adiantam em comunicado.

Por esta razão, estão disponíveis, excecionalmente no mesmo relatório, os dados dos últimos dois anos.

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