observador.ptObservador - 29 nov. 00:15

O dilema liberal do ovo e da galinha

O dilema liberal do ovo e da galinha

Se, ao contrário do que muitos militantes da IL acreditam, já havia em Portugal liberais, a própria IL, em muitos aspetos, está longe de poder ser considerada um depositário fiel do que é ser liberal.

Como seria de esperar, por ter escrito em cima de um processo eleitoral em curso, recebi diversos apontamentos à última crónica publicada nesta coluna, onde abordei alguns dos dilemas com que se confronta a IL, desde logo às críticas que lancei à “vaga” liberal que de alguma forma é responsável pela necessidade de clarificação de lideranças que João Cotrim de Figueiredo precisou de convocar, antes do fim do seu próprio mandato.

Como já esperava, muitas das reações acabaram por servir, apenas, para confirmar as minhas reservas à existência de um partido liberal. E, também, para explicar por que razões um partido como a IL, que recebeu um tão grande incentivo da parte do eleitorado, há apenas uns meses atrás, se vê a braços com uma crise de liderança. Tenho em qualquer caso que dizer que todas as mensagens que recebi, não obstante acesas e algumas até bastante “intensas”, foram-me todas elas dirigidas com correção e sentido de urbanidade, algo que nem sempre ocorre nestes tempos digitais onde pululam os heróis de teclado que se agigantam atrás do ecrã, abusando de linguagem insultuosa e agressiva.

Boa parte das críticas que recebi, a nível particular, estão bem resumidas numa crónica de réplica difundida aqui no Observador, pela pena de Nélson Gonçalves. Num texto que apelidou de “feios, porcos e liberais”, Nélson Gonçalves – para lá das afirmações habituais de militantes em campanha – em nome de muitos liberais manifesta “sérias dúvidas de que o PSD ou o PS fossem lugares onde os liberais se sentissem em casa”, reforçando a sua convicção de que “a IL não ‘iliberalizou’ os partidos do arco do poder porque estes nunca foram liberais”. Pergunta, aliás, “[q]uais destes dois partidos, ao longo da sua história, seja no poder ou na oposição, lutou por instituições independentes do governo, pela redução do poder do Estado e pela primazia do indivíduo em decidir a sua vida? Nenhum dos dois”.

O Nélson Gonçalves – e por isso lhe agradeço –, conseguiu numa tentativa de réplica confirmar tudo aquilo que tenho vindo a alertar, desde logo a tribalização do liberalismo que a IL patrocina e, mais ainda, o acantonamento que as ideias liberais acabam paradoxalmente por sofrer, com a criação de um partido que se diz liberal.

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