jornaleconomico.pt - 29 nov. 17:07
Turquia continua a abrir caminho para investida sobre os curdos
Turquia continua a abrir caminho para investida sobre os curdos
Depois da mundo islâmico, a Turquia quer convencer a NATO de que os curdos são um problema que tem de ser resolvido em definitivo. O ministro turco dos Negócios Estrangeiros reuniu com homólogos da Suécia e Finlândia na cimeira da NATO na Roménia.
O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, reuniu esta terça-feira com os seus homólogos da Suécia, Tobias Billstrom, e da Finlândia, Pekka Haavisto, em Bucareste, à margem de um encontro da NATO na capital da Roménia.
Na agenda está a abertura da Turquia à entrada dos dois países na NATO – a que os turcos se opuseram em primeira lugar, para depois afirmarem, como era esperado, que aceitariam sob condições. A decisão ainda não está tomada, e as condições impostas tinham principalmente a ver com o fim do apoio daqueles dois países europeus às instituições e ao povo curdo.
Da agenda do encontro teria necessariamente de constar a preparação da investida militar sobre os curdos, que o presidente turco, Recep Erdogan, já anunciou. E desde esse anúncio que a Turquia tem estado em diversos campos para ter a certeza que os seus parceiros não irão opor-se à investida. Neste quadro, a posição da Suécia e da Finlândia pode ser importante – pois em cada um daqueles países é numerosa a diáspora curda.
Cavusoglu afirmou no final do encontro que a Turquia transmitiu as suas expectativas no âmbito do memorando de entendimento assinado durante a cimeira da NATO realizada em Madrid, em junho. “Na reunião trilateral, avaliámos as medidas tomadas no âmbito do memorando e enfatizámos as nossas expectativas”, disse.
Para os analistas, a estratégia da Turquia – que, não há muitas dúvidas, acabará por deixar entrar os dois países na NATO, estando-se apenas à espera da votação do Parlamento nesse sentido – é a de gerar apoios em volta da decisão de atacar os curdos. Na segunda-feira, Erdogan havia enviado um ‘recado’ nesse sentido para o mundo islâmico, sendo agora a vez da NATO e dos dois países que a ela querem aderir.
A Turquia tem o campo praticamente aberto para atuar. É que tanto a Rússia como os Estados Unidos já disseram que compreendem as razões de segurança da Turquia em relação aos curdos, tendo apenas manifestado que as forças turcas devem agir com contenção – sendo difícil perceber-se o que quererá dizer ‘contenção’ num cenário de guerra.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO participam numa reunião de dois dias na capital romena, Bucareste, a partir desta terça-feira, com a guerra na Ucrânia e a necessidade de novo envolvimento da aliança na sua defesa no topo da agenda.
O secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, que os ministros da NATO se reunirão com o homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, para discutir as necessidades mais urgentes da Ucrânia.