observador.ptObservador - 27 nov. 04:33

Qatar volta que estás perdoado: a Roménia vai passar-nos à frente

Qatar volta que estás perdoado: a Roménia vai passar-nos à frente

Há sete anos tomava posse o governo da geringonça. Sete anos depois o país está estagnado. É este o impacto da verdadeira taxa rosa, aquela que o país paga pela governação do PS.

“A confirmarem-se as mais recentes previsões de outono da Comissão Europeia, 2024 ficará para a história como o ano em que a Roménia — outrora o mais pobre dos atuais 27 Estados-membros — ultrapassará Portugal no ranking de desenvolvimento económico da União Europeia (UE).” Há 22 anos, no ano 2000, Portugal era três vezes mais desenvolvido do que a Roménia.

Estávamos nós no nosso habitual estado de indignação cósmica – desta vez era o Qatar que nos arrebatava: o Presidente garantia que ia ao Qatar falar dos Direitos Humanos; o primeiro-ministro anunciava ir ao Qatar como se não fosse ao Qatar e, pasme-se, até o ministro da Cultura veio fazer prova da sua vida incógnita anunciando (sem rir, tanto quanto sei) que não vai ao Qatar – quando a Roménia veio desmontar a tenda da grande ilusão: “Os romenos deverão ascender ao 19º lugar deste ranking, com o PIB per capita a convergir para 79% da média europeia. Os portugueses voltarão a cair, para 20º lugar, com um PIB per capita equivalente a 78,8% da média europeia. Os romenos aderiram à UE em 2007, já os portugueses somavam duas décadas de integração europeia e três grandes quadros de apoios comunitários para impulsionar a convergência com a Europa mais desenvolvida.”

Em 2022, a Roménia está a desfazer as ilusões do nosso crescimento tal como anos antes estraçalhara outra das nossas crenças: a do socialismo tolerante. Uma crença particularmente viva em Portugal, o país que em Outubro de 1975, ou seja em pleno PREC, recebeu com pompa e veneração a visita de Ceausescu e da mulher. O casal presidencial romeno foi instalado no Palácio de Queluz. Os hábitos autocráticos da comitiva romena causaram algum desconcerto nos bastidores mas nada que comprometesse o enorme deslumbramento que rodeava aqueles representantes do que se considerava e dizia ser uma sociedade quase perfeita. Quando em Dezembro de 1989 o comunismo caiu na Roménia tornou-se evidente que a versão idílica deste país, que tanto inebriara o Ocidente, não passava de uma grotesca mentira: tudo era pavoroso desde a execução de Ceausescu e da mulher, à pobreza da população e às imagens aterradoras dos orfanatos cheios de crianças.

Agora, em 2022, a Roménia vem mostrar-nos como continuamos a correr atrás de ilusões. Só que agora as ilusões não estão lá longe, nessas terras em que os amanhãs cantavam, mas aqui. Aqui, nos slogans com que mascarámos a nossa crescente mediocridade: era o SNS que era o melhor do mundo; a escola pública que estava ao nível das melhores, senão nos resultados, pelo menos nas intenções; a segurança que era inquestionável; a democracia, pelo menos exemplar…

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