jornaleconomico.ptjornaleconomico.pt - 2 jul. 20:00

Casas mais “verdes” e ajustadas ao bolso português

Casas mais “verdes” e ajustadas ao bolso português

Especialistas do sector imobiliário defendem uma recuperação do parque habitacional que está envelhecido e que por isso consome demasiada energia e pedem uma maior facilidade nos licenciamentos para a aprovação de projetos.

“Temos que construir mais habitações verdes, ajustadas ao que os portugueses podem pagar”. A mensagem é transmitida por Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) em declarações ao Jornal Económico (JE), numa altura em que a sustentabilidade dos edifícios em Portugal ganha cada vez mais importância, tendo em conta as metas definidas para 2030. O responsável afirma que no país os desperdícios energéticos acontecem devido ao parque habitacional que está envelhecido e que provoca um consumo excessivo de energia. Apesar das casas novas colocadas no mercado contribuirem para uma maior sustentabilidade dos edifícios, o presidente da APPI avisa que “para que em 2030 tenhamos edifícios para todos com emissões de carbono nulas, o desafio é conseguir financiar as medidas para alcançar esse objetivo, quer através de financiamento publico quer através de financiamento privado”.
Por sua vez, José Cardoso Botelho, defende que antes da eficiência é preciso olhar para a suficiência energética dos edifícios, considerando necessário reduzir a quantidade de energia que estes vão precisar para criar uma situação de conforto para os seus ocupantes. “Seguir-se-á o isolamento robusto do edifício (coberturas e paredes) e janelas de qualidade com vidros no mínimo duplos, com a escolha certa de materiais, se possível orgânicos e com pegada carbónica negativa (ex: madeira, cortiça)”, refere ao JE, acrescentando que para os edifícios já existentes e que têm de ser recuperados, a receita para suficiência energética, está sobretudo associada ao isolamento e aos envidraçados, embora, aqui e ali, possa também ser possível fazer algum controlo sobre ganhos solares.
O CEO salienta ainda a importância da certificação energética da habitação e chamar a atenção dos cidadãos para as melhores formas de ter mais conforto numa perspetiva de sustentabilidade, escolha de tecnologia e materiais, seus benefícios e custos, além de uma evolução contínua da legislação e dos regulamentos, dos licenciamentos e, sobretudo, das próprias formas e condições de financiamento. Uma opinião partilhada por Hugo Santos Ferreira, que teme que a atual e complexa legislação, acabe “por se tornar num monstro, fazendo com que a sua transposição se revele uma mão cheia de nada”, realça.
Mas como estão os promotores a adaptar os seus projetos? “Neste momento quando os promotores pensam num novo edifício ou numa reabilitação trabalham com as suas equipas de arquitetos, engenheiros e outros especialistas para verem de que forma podem ter um edifício sustentável, sem que o mesmo perca a sua atratividade em termos de mercado. Hoje, este desafio é ainda maior por causa do agravamento dos preços dos materiais e o aumento da inflação”, explica Hugo Santos Ferreira.
Por seu turno, José Cardoso Botelho, enfatiza que promotores como a Vanguard Properties estão a encarar esta fase como uma enorme oportunidade. “Já perceberam que não é assim tão complicado ou difícil transformar um edifício para uma classificação A+ quando se faz a sua reabilitação com vista ao mercado do futuro e, sobretudo, começam a estar conscientes de que a sustentabilidade pode e deve ser encarada de novas formas, como, por exemplo, através do uso da madeira em vez do tradicional cimento, combinado com as tecnologias da pré-fabricação”.
Os dois responsáveis mostram-se de acordo no que toca ao papel e medidas do Governo e autarquias na transição energética dos edifícios. “Há semelhança do que já acontece noutros países, podem ser criadas pelo governo, com recurso ao Banco de Fomento por exemplo, linhas de financiamento bonificadas para a implementação de medidas de eficiência energética nos edifícios, as denominadas greens bonds. Por outro lado temos hoje uma oportunidade única no nosso país: o PRR que nos pode trazer habitação mais verde. É importante que o governo espelhe as suas intenções em apoios diretos à eficiência energética dos edifícios”, salienta o presidente da APPII.
Já o CEO da Vanguard Properties destaca que “dever-se-á expandir os instrumentos de apoio ao financiamento que já foram criados (mas insuficientes para resolver a dimensão do problema), indispensáveis para uma parte significativa da população, criando também incentivos fiscais e outros para todos, que ajudem a desencadear estes processos de uma forma massiva”, além de haver uma maior facilitação de todos os aspetos que tenham que ver com licenciamentos e aprovação atempada de projetos.
“Os programas podem ser excecionais a todos os níveis (e necessários) mas se o licenciamento não foi concedido de forma célere, tudo cai por terra”, conclui. n

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