sol.sapo.ptAristóteles Drummond - 3 jul. 00:00

A instabilidade emocional de Bolsonaro

A instabilidade emocional de Bolsonaro

As últimas sondagens colocam Jair Bolsonaro pela primeira vez abaixo dos 30%, de acordo com o Datafolha...

por Aristóteles Drummond

O Presidente Jair Bolsonaro evidencia certo desespero com as sondagens que o mostram perdendo espaço e aumentando a distância que o separa de Lula da Silva. E sua reação tem sido muito negativa e só aumenta seu desgaste. Possui a obsessão de controlar os preços dos combustíveis para ganhar votos. Não consegue e perde apoio entre os formadores de opinião mais responsáveis, políticos e empresários, por exemplo. Ao conseguir baixar, de 25% para 17%, o imposto dos governos regionais, leva os mesmos a uma crise grave e, na menor subida do petróleo ou desvalorização do real, a economia estará perdida e o rombo nas contas públicas permanece. Além disso, esta atitude eleitoreira o desgasta mais do que o beneficia.

As últimas sondagens o colocam pela primeira vez abaixo dos 30%, de acordo com o Datafolha. Seu partido poderia contratar outra empresa ou universidade, tem recursos de sobra, mas não o faz, pois as sondagens são registradas na Justiça Eleitoral e estão disponíveis para consultas. E todas elas o colocam mal. O Presidente, solitário e sem humildade, segue gerando atritos e sendo molestado pelo Judiciário, como no caso da prisão de um ex-ministro, por 24 horas, mas com ampla cobertura dos media. Nesta obsessão de distribuir bondades, quer dar um voucher de 200 euros aos caminhoneiros e aumentar o auxílio oficial a 50 milhões de brasileiros. Perde a credibilidade, como já ocorreu com o seu ministro da Economia, Paulo Guedes, hoje, cúmplice da negação do programa liberal da campanha de que seria fiador. Nem Freud explicaria este comportamento.

Variedades

• Com a valorização do real, os brasileiros estão viajando mais, estando difícil conseguir lugar nos aviões para Europa e EUA até agosto. Mas se ressentem do aumento dos preços dos hotéis e na restauração.

• O BNP está passando sua gestão de fortunas no Brasil para o Bradesco, que já havia adquirido a carteira do JP Morgan. Agora o banco administra o equivalente a 75 mil milhões de euros, só nas contas premium.

• Roberto Carlos, aos 81 anos, passou um susto na legião de admiradores ao contrair covid. Isso está bem agora.

• Lula da Silva saudou a vitória do colombiano Gustavo Petro, que contou com o apoio de Nicolás Maduro.

• Foi noticiado que a fortuna pessoal de Neymar, atualmente no PSG, seria de 200 milhões de euros.

• O ministro Alexandre de Moraes, que já mandou prender e processar um deputado por críticas fortes ao Supremo Tribunal, justificou a prática declarando que «liberdade de expressão não é liberdade de agressão». A polémica é que até aqui o parlamentar tinha imunidade inquestionável por palavras e opiniões. E a inovação do tribunal é processar, julgar e condenar.

• Eduardo Giannetti, membro da Academia Brasileira, economista e autor respeitado, com larga experiência como professor, mostrou em entrevista ao jornal económico Valor seu inconformismo com o mal uso das verbas públicas no ensino. Declarou que, no Brasil, «uns fingem que estudam, outros que ensinam e tudo acaba no diploma». E que a verba no Orçamento do Estado seria suficiente para melhores resultados.

• Empresas privadas aumentaram importação do gasóleo com receio de falta a partir de agosto. O governo facilita com a preocupação eleitoral. Sem gasóleo, param a economia e o transporte público. Aliás, economistas estão preocupados com os municípios que estão segurando o repasse dos custos dos combustíveis à tarifa do transporte público. Este é o caminho mais curto para a falência das câmaras municipais.

• A falta de semicondutores provocou férias coletivas de três mil trabalhadores da Volkswagen em São Paulo, por dez dias.

• Caio Paes de Andrade, assumiu a presidência da Petrobras, que deve mudar a maioria de seus oito diretores. Alguns já pediram aposentadoria.

• Novo passaporte e nova carreira de identidade começam a ser emitidas e com o mesmo CPF, que o número de contribuinte. Também o sistema de saúde vai usar o mesmo número, assim como o título de eleitor. Uma revolução a partir do projeto do deputado Júlio Lopes.

• Terça feira o Presidente Bolsonaro conversou ao telefone com o presidente russo Putin e ouviu a garantia da entrega de fertilizantes comprados pelo Brasil.

• Os transexuais foram assunto da semana. Empresas como banco Itaú, AmBev e C&A confirmaram projetos de inclusão nos seus quadros e um terço das universidades públicas já reservou cotas para o próximo ano letivo.

• O comércio eletrônico com a China cresce tanto que a empresa Ali Express passou a oito voos semanais para o Brasil, prevendo dez em novembro.

Rio de Janeiro,junho de 2022

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