rr.sapo.pt - 3 jul. 00:16
Paulo Rangel e a nova direção: “Abrimos a caixa e está lá a história e o ADN do PSD”
Paulo Rangel e a nova direção: “Abrimos a caixa e está lá a história e o ADN do PSD”
Paulo Rangel diz que ficou surpreendido quando recebeu o telefonema de Luís Montenegro a convidá-lo para uma das vice-presidências do PSD. Em entrevista à Renascença diz que aceitou porque pode ser útil para relançar o partido. O eurodeputado elogia o novo líder que considera ter sido capaz de colocar nos órgãos da dirção toda a “história e todo o ADN do PSD”. Rangel diz que a nova direção não integra 'yes woman, nem yes man", mas “ são pessoas com pensamento próprio".
Sim, fiquei surpreendido quando Luís Montenegro me ligou a fazer o convite. Conversámos durante algum tempo e pareceu-me que era minha obrigação pôr de lado alguma autoestima e colocar a minha visão, o meu pensamento, a minha experiência ao serviço do partido numa altura que é essencial porque Portugal atravessa uma crise grave.
Eu posso ser útil para fazermos o relançamento do partido. Considero essencial o PSD fazer uma oposição forte, e, em muitos casos, dura para servir o interesse nacional. Uma oposição exigente obriga o governo a governar melhor. Se a oposição for frágil, se estiver sempre à procura de consensos, o que vai acontecer é que o governo é laxista e deixa de ter brio na sua atuação.
Isso é imperativo, mas ao mesmo tempo temos de construir um programa alternativo porque fazer oposição não é um exercício de “bota abaixo”. Por isso, o PSD tem de ter para cada área, um conjunto de medidas, um programa, uma linha de ação.
O partido está numa situação de equilíbrio, no espectro de forças políticas, diferente porque tem à sua direita, o Chega e a Iniciativa Liberal (IL) que são dois novos partidos que colocam novos problemas. Isso vai obrigar a que o partido seja muito presente e ativo a lidar com esses novos fenómenos. Há aqui um conjunto de desafios que me levaram a aceitar este convite de Luís Montenegro.
Acho que a lista que fez para a comissão política nacional, mas também para o conselho nacional [Carlos Moedas é o primeiro nome], provou que é capaz de fazer essa congregação. É como os melões, só quando abrimos é que sabemos se são bons, aqui abrimos a caixa e está lá a história e o ADN do partido. Estão personalidades com visões próprias. Não estão apenas “Yes Woman”, ou “Yes Man”, gente com pensamento próprio, com obra escrita, com currículo político. E está também gente muito nova. O PSD tem de conquistar os mais jovens e os mais velhos.
Eu penso que não. Estamos a viver uma guerra, com risco de crise de dívidas soberanas. Todo o contexto externo agrava as dificuldades internas em Portugal. Considero que toda a mobilização é pouca para os desafios que o PSD tem. No meu caso, estou por um sentido de dever. Estamos numa chamada que é um toque a reunir.
Primeiro, temos um governo com maioria absoluta e com três meses de vida que mostra um desgaste sem paralelo. A situação da saúde é a mais grave, é estrutural. Este fim de semana está dominado por uma série de encerramentos de urgências e não só pediátricas. A questão de inflação e do aumento do custo de vida não encontra resposta por parte do governo.
Esse caso é uma crise institucional grave. É o que eu chamo um desvario institucional. O ministro vem desafiar o primeiro-ministro, que já tinha dito que queria falar com o líder do PSD, e depois dois dias antes deste congresso, o ministro das infraestruturas publica um despacho. No dia seguinte o primeiro-ministro numa espécie de reality show "Perdoa-me” deixa passar como se nada fosse. Neste momento, o responsável pelo aeroporto é o primeiro-ministro, foi isso, aliás, que disse o Presidente da República.
Eu acho que o Presidente podia ter ido mais longe, não digo o contrário. Em todo o caso, acho que ele foi muito claro, mas o grande embaraço para o primeiro-ministro. O que mostra é uma grande desorientação do governo.