www.dinheirovivo.ptdinheirovivo.pt - 19 set. 08:08

Fornecedores de cantinas escolares com perdas acima de 25%

Fornecedores de cantinas escolares com perdas acima de 25%

É uma das maiores crises de sempre no setor. As quebras na faturação chegam a atingir os 100% nas empresas pequenas.

Sem ovos não se fazem omeletas e sem escolas abertas não se fatura. E o problema não são só as cantinas escolares. Também se servem menos refeições nos hospitais e outros estabelecimentos com bar ou cantina. Até as prisões têm menos presos, já que alguns foram libertados para reduzir a população prisional e diminuir o contágio do novo coronavírus. Para onde quer que se virem, as empresas que fornecem refeições só encontram perda de clientela e quebra na procura. É uma espécie de tempestade perfeita e à qual não se consegue escapar. “As quebras na faturação superam os 25%”, confidenciou um respons��vel de uma das maiores empresas do setor. “Mas há empresas mais pequenas com quebras de 100% na sua faturação. É uma crise sem precedentes”, disse a mesma fonte.

As perspetivas não se afiguram muito cor-de-rosa. O primeiro-ministro, António Costa, convocou para ontem uma reunião de urgência do gabinete de crise. Para já, o governo afasta a hipótese de um novo confinamento, mas na memória estão ainda as consequências provocadas pelo primeiro confinamento, quando o país esteve sob estado de emergência entre meados de março e o início de maio. O governo não quer repetir o cenário dantesco a que se assistiu, com aumento do desemprego e encerramento de empresas. Mas não são ainda de excluir totalmente novos encerramentos de escola.

Ao contrário de países como a Dinamarca ou a Suécia, que encaram o novo coronavírus com medidas moderadas, Portugal tem optado pela estratégia seguida na maioria dos países. O resultado é que, enquanto na Suécia não se fecham escolas e não se usa máscara em qualquer situação, em Portugal, ao mínimo surgimento de novos casos são colocadas turmas inteiras em quarentena. Com o outono à porta e o inverno a caminho, o aumento de casos de contagiados com coronavírus é uma certeza.

Atualmente, o Ministério da Educação impõe as regras ditadas pela Direção-Geral da Saúde que são em alguns casos até mais restritas do que as da Organização Mundial da Saúde. Uma das medidas adotadas é a de que os alunos comam o almoço fornecido pela cantina da escola em casa. Algumas escolas, com mais espaço de refeitório, permitem que um número limitado de alunos almoce nas instalações.

Ainda assim, no atual cenário de quebra de faturação, o setor prepara-se para encerramento de empresas e despedimentos. “Há já empresas a fechar e é normal que venham a fechar mais”, aponta uma fonte do setor.

AHRESP em silêncio
Contactada, a representante das empresas do setor, a AHRESP-Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, escusou-se a comentar a crise que atinge os fornecedores de refeições. Mas a Uniself, principal fornecedora de refeições escolares, não duvida de que vai demorar a ultrapassar.

Segundo João Lobo, a situação de pandemia “trouxe nestes últimos meses avultados custos financeiros à empresa”. Apesar de a Uniself ter vencido contratos no verão para fornecer refeições em escolas, não é garantido que se venha a vender o número de refeições estimado. ICA e Eurest são outras das principais fornecedoras num mercado que, segundo dados de 2017, abrange a distribuição de 300 milhões de refeições, num total superior a 15 mil cantinas espalhadas pelo país. Só neste mês, a Uniself venceu contratos num total de faturação estimada superior a cinco milhões de euros.

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