expresso.ptDaniel Oliveira - 19 set. 10:38

Respeitinho

Respeitinho

E é assim que as coisas começam. Até termos polícias de giro a fazer detenções pelo crime de poesia inverídica

No início de março, na Estrela, em Lisboa, um homem colava cartazes com um poema sobre violência policial. Os cartazes faziam parte de uma exposição de poesia visual, que acontecia ali perto. Um agente da PSP passou, leu, não gostou e deteve o homem. Crime? “Ofensa a organismo, serviço ou pessoa coletiva” por divulgação de “factos inverídicos, capazes de ofender a credibilidade” da autoridade (artigo 187º do Código Penal). O poema, sem referência a acontecimentos concretos, teria “factos inverídicos”. O absurdo podia ter morrido com um pedido de desculpas da PSP pela violação do Artigo 42º da Constituição. Não morreu. Está em investigação no DIAP e Ana Cachola, curadora da exposição e professora na Católica, passou de testemunha a arguida. Só falta a autora do poema publicado em livro em 2018, lido na RTP e transcrito em artigos de opinião. Soube-se isto agora, mas aconteceu meses antes da direção da PSP ter feito uma queixa-crime contra um cartoon do “Inimigo Público”. A ordem parece ser a de processar e até deter qualquer crítico. Seja poeta ou cartoonista.

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