Sérgio Sousa Pinto - 19 set. 09:15
Um breviário democrático para uso das massas
Um breviário democrático para uso das massas
Querem ser revolucionários e fazer tremer os fundamentos do mundo? Apresentem Platão a um filho de pais sem instrução
Durante séculos a escola inculcou o temor a Deus, o respeito pelas hierarquias e a aceitação da vida como expressão de uma ordem natural, prescrita do alto. Os filósofos do século XVIII, sobre a revolução cartesiana do século anterior, pretenderam reconstruir a sociedade de acordo com os ditames da razão, combatendo a superstição, o obscurantismo e o poder absoluto, ou seja, o trono e o altar. Como conheciam os clássicos sabiam que a tirania da multidão pode ser a mais temível e criminosa, ou seja, a mais irracional. Como Platão, não percebiam o processo alquímico pelo qual a vontade de uma maioria ignorante se transmuta numa decisão esclarecida. A solução estava na escola, acompanhada pelo sufrágio limitado, censitário ou capacitário. Temeram com genuíno horror a democracia, ou seja, o sufrágio universal, desconfiados do ascendente que a religião e as notabilidades tradicionais mantinham, notoriamente, sobre o povo.
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