expresso.ptexpresso.pt - 18 set. 21:00

António Costa Silva: “Somos um país que tem medo de decidir”

António Costa Silva: “Somos um país que tem medo de decidir”

Projetos Expresso. O caminho para a recuperação económica foi o tema em mais um Encontro Fora da Caixa E=MC2, organizado pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) com o apoio do Expresso

O professor e atual consultor do Governo, António Costa Silva, o músico Pedro Abrunhosa e o escritor Gonçalo M.Tavares foram os três convidados de mais um "Encontro Fora da Caixa E=MC2", organizado pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) com o apoio do Expresso. Apesar de serem personalidades de áreas distintas - e de apenas uma delas estar ligada à economia - todos eles deram seu contributo sobre quais os caminhos para a recuperação económica no pós-covid. Costa Silva pelo lado da concretização, e Gonçalo M. Tavares e Pedro Abrunhosa pelo lado do pensamento. Estas são as principais conclusões.

Fazer o que nunca foi feito

Foi a citar uma das canções de Pedro Abrunhosa que Costa Silva terminou a sua intervenção no encontro de hoje. Para o autor do documento que define a visão estratégica para o plano de recuperação da economia portuguesa até 2030, este é o momento de “fazer o que nunca foi feito”. Ou seja, é o momento de agilizar a administração pública para que as empresas não “andem de instituto em instituto”; o momento de aposta na qualificação dos jovens; o momento de apostar em áreas que têm muito potencial mas que têm sido esquecidas, como a economia do mar, a reindustrialização ou a agricultura.

“Temos competências funcionais e capacidade científica, somos inventivos e podemos criar, mas falhamos muito nas competências institucionais. Elas falham na inércia, na burocracia. Somos um país que tem medo do risco, tem medo de decidir”, diz.

Para Costa Silva, a única forma de colocar em marcha o plano de recuperação é com união e com acção e com articulação institucional e política. Porque se não houver “é uma tragédia”. Mas, para já, e depois de ter estado no Parlamento esta semana a apresentar o seu programa aos deputados, acredita que haverá consenso entre partidos para executar este plano ao longo dos anos, independentemente de quem estiver no Governo.

Combater a crise

A abertura do evento esteve a cargo do presidente do conselho executivo da CGD, Paulo Macedo. Tal como Costa Silva, também o gestor acredita que é tempo de agir e considera que a banca “está mais bem preparada para combater esta crise do que a anterior”. De facto, segundo Costa Silva o papel da banca vai ser importante para combater a crise e para gastar os mais de €26 mil milhões que Portugal vai receber da Europa, e a fundo perdido.

O presidente do conselho de administração da CGD, Rui Vilar, alertou para o volume destes recursos e para a necessidade de planear bem onde se vai gastar esse dinheiro. Porque, diz, “temos desvalorizado as funções de planeamento”.

A filosofia da acção

Durante a conversa entre Gonçalo M. Tavares e Pedro Abrunhosa falou-se muito sobre a importância do acto de pensar. Mas pensar e depois não agir é como se o pensamento não valesse de nada. “Há um grande conflito entre pensamento e acção. Se só ficássemos no pensamento, não existia fogo. Mas se não pensássemos também não”, diz o escritor.

Para Gonçalo M. Tavares, as pessoas estão sempre “a correr atrás do urgente”, quando o que é preciso é pensar no que é de facto importante e fazê-lo. “Normalmente, as pessoas só pensam em mudar de vida depois de estarem muito doentes. Será preciso estar muito doente para mudar de vida? Não”.

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