expresso.ptexpresso.pt - 22 abr. 09:00

Milhares de marroquinos marcham pela libertação de 42 ativistas do Hirak Rif

Milhares de marroquinos marcham pela libertação de 42 ativistas do Hirak Rif

O movimento de protesto começou em 2016 depois de um vendedor de peixe ter morrido esmagado por um camião de lixo. As manifestações estenderam-se a todo o país e as autoridades prenderam os ativistas. Os presos começaram uma greve de fome depois de terem sido transferidos para “as piores prisões no reino”, relata o pai do líder do movimento

Milhares de pessoas marcharam este domingo na baixa de Rabat, capital de Marrocos, em protesto contra as sentenças de prisão atribuídas a 42 ativistas do movimento Hirak Rif.

O movimento, que começou em 2016 na região empobrecida de Rif, conduziu à maior instabilidade no país desde a Primavera Árabe cinco anos antes, escreve a Deutsche Welle.

Os juízes do Tribunal da Relação de Casablanca confirmaram a pena de 20 anos de prisão para o líder do movimento, Nasser Zefzafi, por ameaça à segurança do Estado. Três outros ativistas daquele grupo foram sujeitos a penas idênticas.

“Eles sabem que vão morrer na prisão”

O pai de Nasser, Ahmed Zefzafi, disse que os ativistas presos começaram uma greve de fome depois de terem sido transferidos para “as piores prisões no reino”. “Eles sabem que vão morrer na prisão”, disse, instando “os decisores a encontrarem uma forma de se sair desta crise”.

A secretária-geral do Partido Socialista Unificado (PSU, da oposição), Nabila Mounib, declarou: “Zefzafi e os seus companheiros exigiram justiça social e a construção de escolas e hospitais. Como é que isso é um crime?”.

O advogado do Governo, Mohamed Al Houssaini Karout, disse que o Tribunal da Relação confirmou as sentenças, proferidas em junho do ano passado, por não haver “nada de novo” para apreciar no caso.

Vendedor morre esmagado ao tentar recuperar peixe

Os protestos em Rif começaram em outubro de 2016 depois de um vendedor de peixe ter sido esmagado por um camião de lixo. Ele tentava recuperar 500 quilogramas de espadarte que a polícia lhe havia confiscado e atirara fora.

As manifestações rapidamente assumiram proporções nacionais, exigindo o combate à corrupção e aos problemas sociais e económicos.

As autoridades responderam prendendo ativistas durante longos períodos de tempo, o que motivou críticas de grupos de defesa dos direitos humanos. No entanto, Rabat insiste que o processo judicial seguiu os padrões internacionais.

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