expresso.ptexpresso.pt - 22 abr. 10:36

Líder do maior partido da oposição na Turquia atacado por manifestantes em funeral militar

Líder do maior partido da oposição na Turquia atacado por manifestantes em funeral militar

Kemal Kilicdaroglu foi empurrado e agredido com socos e pontapés. As tensões no país agravaram-se desde que o partido no poder perdeu as três maiores câmaras. “O sucesso [do presidente da Câmara de Istambul] e o quão longe Erdogan irá na tentativa de o impedir constituirão um sinal revelador das perspetivas de pluralismo”, diz investigador ao Expresso

O líder do maior partido da oposição turca, o Partido Republicano do Povo (CHP), foi atacado este domingo por manifestantes num funeral militar em Ancara. Kemal Kilicdaroglu estava na cerimónia para prestar homenagem a um soldado turco que morreu em confrontos com militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) perto da fronteira com o Iraque.

No entanto, o que começou por ser um protesto contra a sua presença na cerimónia escalou para episódios de violência contra Kilicdaroglu, relata a agência de notícias estatal Anadolu. Imagens do incidente mostram-no a ser empurrado pelos manifestantes, tendo ainda sido agredido com socos e pontapés, descreve o jornal “Arab News”.

Escoltado por forças de segurança, o líder do CHP acabou por se abrigar numa casa próxima até a multidão dispersar. O partido confirmou que o dirigente tinha sido atacado e que se encontrava “bem”. O seu gabinete anunciou que seria tomada uma ação legal “contra os culpados do incidente”.

HARUN OZALP/AFP/Getty Images

Tensões desde que o AKP perdeu as três maiores cidades

O Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), do Presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, e políticos nacionalistas têm criticado Kilicdaroglu pelas suas ligações ao Partido Democrático dos Povos (HDP), acusando-o de cooperar com este partido pró-curdo. O HDP nega as ligações às milícias curdas que o Governo lhe atribui.

As tensões na Turquia aumentaram desde que o CHP ganhou as presidências das Câmaras de Istambul, Ancara e Esmirna, as três maiores cidades do país. Após várias recontagens de votos das eleições locais de 31 de março, Ekrem Imamoglu foi declarado vencedor e tomou posse como presidente da Câmara de Istambul na passada quarta-feira.

Foi a primeira derrota eleitoral de Erdogan em 25 anos. Além das três metrópoles, o partido do Presidente perdeu várias zonas urbanas da costa mediterrânica, como Antália e Adana.

“O estado gravemente enfermo da democracia turca”

“A vitória surpreendente de Imamoglu gerou um novo entusiasmo entre a oposição da Turquia, enquanto os esforços governamentais para desacreditar as eleições, exigindo recontagens e até a sua repetição, sublinham o estado gravemente enfermo da democracia turca”, avalia Nicholas Danforth, do German Marshall Fund, em Istambul.

O investigador acrescenta ao Expresso que “o seu estilo não-confrontacional e a mensagem inclusiva se destacaram, em absoluto contraste com a retórica desagregadora e nacionalista de Erdogan”. “Imamoglu enfrenta agora o desafio de governar e segurar o seu lugar entre acusações de fraude e possíveis tentativas de limitar os seus poderes políticos. O seu sucesso e o quão longe Erdogan irá na tentativa de o impedir constituirão um sinal revelador das perspetivas de pluralismo na Turquia”, conclui.

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