visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 20 jan. 07:05

"O Desaparecimento de Josef Mengele", de Olivier Guez: Na pele do “Anjo da Morte”

"O Desaparecimento de Josef Mengele", de Olivier Guez: Na pele do “Anjo da Morte”

Contra factos não há argumentos, só ficção, como se prova neste romance biográfico de um dos mais odiosos oficiais nazis. O livro O Desaparecimento de Josef Mengele, de Olivier Guez, já está à venda nas livrarias
Não faltam livros sobre Mengele, todos bem documentados, mas o que interessa a Olivier Guez não é apenas expor o seu percurso de vida, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. É também perceber o interior e a substância deste homem, nazi convicto

Não faltam livros sobre Mengele, todos bem documentados, mas o que interessa a Olivier Guez não é apenas expor o seu percurso de vida, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. É também perceber o interior e a substância deste homem, nazi convicto

É o próprio Olivier Guez quem o afirma, antes de apresentar as fontes e a bibliografia que sustentam este romance. “Há zonas de sombra que, certamente, nunca serão esclarecidas. Só a forma romanceada me permitiria chegar o mais perto possível da trajetória macabra do médico nazi.” A nota seria dispensável, se não se desse o caso de estarmos perante uma das figuras mais sinistras do século XX, Josef Mengele, popularmente conhecido como “o Anjo da Morte”. Quando os comboios chegavam a Auschwitz, era ele quem separava os judeus, condenando logo uns à morte, conduzindo outros a uma tortura maior: às suas experiências “médicas” e “científicas”. A fuga para a América do Sul transformou-o num mito, num fantasma, num enigma que este livro tenta aclarar.

O dilema que o escritor francês enfrentou é conhecido: como vestir a pele do Outro? A resposta encontrou-a no inesgotável potencial da literatura, que aqui preenche espaços em branco e buracos negros. Não faltam livros sobre Mengele, todos bem documentados, mas o que interessa a Olivier Guez não é apenas expor o seu percurso de vida, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando, na clandestinidade, passou a levar uma vida acossada e desconfiada. É também perceber o interior e a substância deste homem, nazi convicto, e das sociedades que o protegeram (as ditaduras da Argentina e do Brasil).

O Desaparecimento de Josef Mengele não é, por isso, um romance na primeira pessoa, ao estilo de As Benevolentes, de Jonathan Littell, que leva ao limite o exercício da alteridade literária, ao imaginar uma confissão, nem uma observação distante, típica da objetividade histórica. É, acima de tudo, um estudo microscópico e dedutivo, seco e direto, em que todos os pormenores contam. Eis o retrato de um homem devorado por um passado sem perdão.

"O Desaparecimento de Josef Mengele" (Planeta, 380 págs., ���17,76), de Olivier Guez, foi distinguido, em 2017, com o Prémio Renaudot. É o segundo romance do autor, que também tem publicado ensaios e colaborado com o cinema

"O Desaparecimento de Josef Mengele" (Planeta, 380 págs., €17,76), de Olivier Guez, foi distinguido, em 2017, com o Prémio Renaudot. É o segundo romance do autor, que também tem publicado ensaios e colaborado com o cinema

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