observador.ptobservador.pt - 20 jan. 19:32

Presidente do Zimbabué interrompe viagem após repressão no seu país

Presidente do Zimbabué interrompe viagem após repressão no seu país

Emmerson Mnangagwa cancelou participação no Fórum de Davos para regressar ao seu país. No Zimbabué, 700 pessoas foram presas e ONU critica repressão do exército e da polícia.

O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, anunciou este domingo que vai interromper uma visita ao estrangeiro e regressar a casa, após protestos e repressão no seu país, defendendo que deseja “um Zimbabué calmo, estável e funcional”.

“Devido à situação económica, voltarei para casa depois de uma semana muito produtiva de reuniões bilaterais de negócios”, disse o Presidente no Twitter, cancelando sua participação no próximo Fórum de Davos, que começa na segunda-feira. O país será representado pelo ministro das Finanças, Mthuli Ncube.

Emmerson Mnangagwa deslocou-se este domingo ao Cazaquistão, depois de ter iniciado a sua viagem à procura de investimento estrangeiro na segunda-feira na Rússia.

Pelo menos 12 pessoas morreram e 78 ficaram feridas com tiros na semana passada, segundo o Fórum de ONG do Zimbábue, que documentou mais de 240 casos de agressão e tortura. Mas essa brutal repressão é “apenas uma antecipação”, alertou o porta-voz presidencial George Charamba, citado no domingo pelo jornal do Governo The Sunday News, acusando a oposição de fomentar a desordem. Charamba acompanha o presidente na sua viagem ao exterior.

A repressão, denunciada pela ONU, está a alimentar o receio de que o Zimbabué retome as práticas de 37 anos da presidência de Robert Mugabe, derrubado em novembro de 2017 pelos militares.

O ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa, 76 anos, que o substituiu, prometeu revitalizar a economia depois de duas décadas de crise, mas desde outubro de 2018 houve protestos contra a escassez, a inflação e a depreciação da moeda, que se transformaram em tumultos na semana passada, após o anúncio na segunda-feira de uma duplicação dos preços dos combustíveis.

A repressão exercida pelo exército e pela polícia, com muitos espancamentos e sequestros de opositores ou cidadãos comuns, foi fortemente criticada pela ONU. Na sexta-feira, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos instou Harare a “parar com a repressão”, expressando alarme pelo “uso excessivo da força”, incluindo o suposto tiroteio com balas reais.

Georges Charamba advertiu que “o MDC (Movimento para a Mudança Democrática, o principal partido da oposição) e seus afiliados serão totalmente responsabilizados pela violência e saques”.

Cerca de 700 pessoas foram presas, a internet foi temporariamente cortada duas vezes e as principais redes sociais ainda estão bloqueadas. O exército e a polícia realizaram uma conferência de imprensa no sábado à noite para rejeitar as acusações de brutalidade, assegurando que alguns atacantes usavam uniformes para se fazerem passar por oficiais.

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